Minas Gerais

Negocia Kalil

Sem negociação, professoras da educação infantil de BH continuam em greve

Além de não apresentar proposta, prefeito de BH desconta no pagamento das grevistas

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Professoras estão acampadas em frente à prefeitura, no Centro da cidade
Professoras estão acampadas em frente à prefeitura, no Centro da cidade - Larissa Costa/Brasil de Fato MG

Em assembleia, cerca de 1300 professoras da educação infantil da rede municipal de Belo Horizonte definiram, na quarta (6), pela continuidade da greve. As profissionais estão paralisadas há quase 50 dias e, há mais de duas semanas, estão acampadas em frente à Prefeitura de BH. O prefeito Alexandre Kalil (PHS) se nega a negociar com as professoras enquanto elas não voltarem para a sala de aula. 
A professora Tatiane Ferreira, que faz parte do comando de greve, conta que foi enviada ao governo uma proposta de unificação da carreira escalonada, de maneira que, até julho de 2019, as professoras da educação infantil receberiam o mesmo pagamento das profissionais do ensino fundamental. Essa proposta, segundo Tatiane, foi debatida por uma equipe do governo, que chegou a afirmar que era possível unificar a carreira em 80%, mas que seria necessária a suspensão da greve para que Kalil apresentasse essa contraproposta. 
Na segunda (4), a categoria estava disposta a suspender a greve para negociar. No entanto, no dia seguinte, Kalil voltou atrás e retirou a proposta. Em nota lançada na terça (6), no portal da PBH, o prefeito afirma que “qualquer nova proposta que tenha sido apresentada em reunião formal ou informal é falsa e desprovida de legitimidade e autoridade”, se referindo à negociação em andamento entre a equipe de seu governo e as grevistas. 
O texto ainda afirma que “a volta às aulas será o sinal claro da retomada das negociações, e que, não sendo assim, a cidade deve se preparar para uma longa greve”. “A categoria não tem segurança de voltar para a sala de aula e negociar depois, devido às inverdades e promessas que ele [Kalil] fez e não cumpriu”, questiona Tatiane.

Não é só pelo reajuste
No início do mês de maio, o prefeito ofereceu um reajuste de até 21,55% no pagamento das professoras, proposta essa recusada por elas. “Nossa luta é justa, não é por reajuste, mas por carreira única e por dignidade. A nossa carreira é muito desvalorizada e a gente não consegue mais sobreviver com esse salário”, afirma Helena Pereira, que também faz parte do comando de greve. A proposta de reajuste também foi retirada pelo prefeito.
Helena conta que as professoras que estão em greve tiveram descontos em seus salários, já vistos no contracheque deste mês. “Os descontos chegam a R$ 600. Tem professora que vai receber R$ 96 reais neste mês. Isso já compromete a renda familiar”, aponta. 
No município de BH, a rede da educação infantil possui cerca de 5 mil profissionais que recebem, em média, R$ 1400. É uma categoria quase  totalmente feminina. “Isso prova que Kalil não gosta de negociar com mulheres, estamos dormindo no relento, na rua, pra provar pra ele que a gente é resistente e forte”, exclama Helena.
 

Edição: Joana Tavares