Ásia

Acordo entre Trump e Kim prevê desnuclearização da península

Em Cúpula de Singapura, presidentes estadunidense e norte-coreano acertam fim dos exercícios militares dos EUA na região

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Kim e Trump se encontraram em Singapura
Kim e Trump se encontraram em Singapura - Reprodução

Após o histórico encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un, realizado nesta segunda-feira (11/06, 12/06 em Singapura), os dois líderes assinaram um documento conjunto em que a Coreia do Norte se compromete a trabalhar pela “completa desnuclearização” da península coreana. Além disso, em entrevista à imprensa, o presidente norte-americano disse que ia acabar com os exercícios militares conjuntos com o Sul na península coreana, mas que as sanções contra Pyongyang prosseguem, ao menos por enquanto.

“Trump se comprometeu a promover garantias de segurança para a RPDC [República Popular Democrática da Coreia], e o presidente Kim Jong-un reafirmou seu firme e inabalável compromisso com a completa desnuclearização da península coreana”, diz o texto.

“O presidente Trump e o presidente Kim Jong-un levaram a cabo um intercâmbio de opiniões amplo, profundo e sincero sobre os temas relacionados com o estabelecimento de novas relações entre os EUA e a RPDC, e a construção de um regime de paz duradouro e sólido na península coreana”, afirma o documento.

Conversas

"Hoje, nós tivemos uma reunião histórica, e estamos prontos para deixar o passado para trás. O mundo vai presenciar uma grande mudança", disse Kim, durante a assinatura do documento.

Em entrevista coletiva à imprensa, Trump afirmou que as conversas com Kim foram "honestas", "diretas" e "produtivas". Após dizer que Kim se comprometeu a destruir uma instalação de testes de mísseis e, em troca, Washington vai interromper as manobras militares com a Coreia do Sul, o norte-americano falou em "economia".

"Vamos economizar muito dinheiro com o desarmamento. A desnuclearização completa levará muito tempo, mas o processo vai começar rapidamente", disse Trump.

Como foi o encontro

Com um aperto de mãos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, iniciaram a cúpula histórica, já que esta é a primeira vez que líderes em exercício dos dois países se encontram pessoalmente.

Os líderes posaram para fotos em frente a bandeiras dos EUA e da Coreia do Norte no Capella Hotel, na ilha de Sentosa. Em seguida, Kim e Trump se encaminharam para a sala onde tentarão negociar uma saída para a crise coreana.

Eles conversaram a portas fechadas, acompanhados apenas por tradutores, até 10h (horário local). Na sequência, ganharam a companhia de assessores para mais uma hora de reunião e um almoço de trabalho. "Acho que vamos ter uma grande relação", disse Trump, antes de dispensar os fotógrafos. "Estamos aqui depois de todos os obstáculos", reforçou Kim.

Pelo Twitter, Trump já havia mostrado otimismo quanto à possibilidade de um acordo com Pyongyang. "Os encontros entre representantes estão indo muito bem", disse.

Tensões

Ao longo de 2017, a Coreia do Norte avançou como nunca em seu programa militar e testou, com sucesso, mísseis intercontinentais capazes de atingir o território dos Estados Unidos, além de ter realizado a detonação nuclear mais potente de sua história, supostamente com uma bomba de hidrogênio.

Em resposta, Trump patrocinou uma série de sanções econômicas das Nações Unidas contra a Coreia do Norte, que podem ter abalado ainda mais uma economia já fragilizada. Além disso, se envolveu em uma batalha retórica com Kim, chamando o norte-coreano de "pequeno homem foguete" e ameaçando atacar o país asiático com "fogo e fúria nunca antes vistos".

Por sua vez, o líder da Coreia do Norte falou em bombardear Guam, território ultramarino dos EUA no Oceano Pacífico, levantando ventos de guerra na região. Recorrentes exercícios militares e o envio de submarinos nucleares dos Estados Unidos também aumentaram os temores sobre um conflito iminente.

O clima de tensão na península coreana só arrefeceu no início de 2018, quando Kim desejou boa sorte para o Sul na realização dos Jogos de Inverno de PyeongChang. A declaração abriu as portas para a reaproximação entre Seul e Pyongyang, que culminou na participação de atletas do Norte nas Olimpíadas.

Kim anunciou recentemente a interrupção do programa nuclear e de desenvolvimento de mísseis de longo alcance.

*Com informações da Ansa.

Edição: Opera Mundi