MOBILIZAÇÃO

Pela liberdade de Lula, atos populares acontecem em diferentes capitais do país

Centenas se reúnem pela soltura do ex-presidente no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Manifestação em São Bernardo do Campo começou no início da tarde deste domingo (8)
Manifestação em São Bernardo do Campo começou no início da tarde deste domingo (8) - Diego Sartorato

Com a decisão do desembargador federal Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que determinou a soltura imediata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã deste domingo (8), as principais capitais do país registram atos populares que pedem o fim imediato da prisão de Lula.

Após o questionamento da competência de Favreto pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro, que está de férias em Portugal, mas foi notificado pela Polícia Federal da decisão, o alvará de soltura foi cassado pelo relator da Lava Jato no Tribunal, o desembargador João Pedro Gebran Neto. Em resposta à cassação de Gebran Neto, Favreto voltou a determinar a soltura de Lula em prazo de uma hora. O despacho foi publicado às 16h12 e a decisão não foi cumprida.

O impasse jurídico somente reforçou as manifestações, que ocorrem em dez capitais do País: São Paulo/SBC, Recife (PE), Natal (RN), Goiânia (GO), Belém (PA), Maceió (AL), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Salvador (BA).

Joaquin Piñero, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), participa de mobilização na Cinelândia, no Rio de Janeiro, e afirma que toda militância está nas ruas para denunciar que a Justiça brasileira usa artifícios ilegais para manter Lula preso.

“Para nós, Lula é um preso político. O não cumprimento dessa decisão o transforma em um sequestrado da Justiça brasileira. Nós temos que ir para as ruas e exigir que, de fato, a Justiça seja cumprida a partir do cumprimento do Habeas corpus”, diz Piñero. 

De acordo com o dirigente sem terra, a manutenção do diálogo com a sociedade deve ser permanente. "Pensar saídas para o Brasil é o trabalho dos movimentos populares. Vamos fortalecer a luta pela democracia no Brasil”, completa o coordenador do MST. 

Carmem Foro, vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), reforça que a pressão popular precisa continuar. “É um absurdo o que acontece nesse país. Lula está preso injustamente por mais de 90 dias. O que nós pedidos enquanto CUT é que seja feita justiça: A imediata soltura de Lula”.

A sindicalista também criticou a atuação política dos desembargadores do TRF-4, classificando como "jogo de vaidade e disputa por hierarquia.”

Para a dirigente cutista, é necessário que a mobilização aconteça em todos os lugares. “Precisamos de pressão na rua e nas redes, onde quer que seja. Precisamos demonstrar pro Brasil e pra fora do Brasil quão grande é a insatisfação do país com essa Justiça”.

Racha no Judiciário

Em São Bernardo do Campo, no Sindicato dos Metalúrgicos, cenário de lutas e momentos históricos da vida política do ex-presidente, centenas de populares e parlamentares reforçam as manifestações pela liberdade de Lula. 

Em entrevista ao Brasil de Fato, o deputado Carlos Zarattini (PT), avalia que, apesar do impasse jurídico que envolve a decisão de Favreto, o episódio mostra que há discordâncias no TRF-4. “Agora o Judiciário rachou. Tem gente que está lá respeitando e defendendo a democracia. Sérgio Moro já não reina como reinava”, declara. 

Segundo Zarattini, a decisão é de extrema importância para o destino do Brasil. “Ele [Lula] vai conduzir a campanha eleitoral, será nosso candidato e vai vencer. Vamos fazer o Brasil de novo, um país governado por um governo popular”. 

Sobre o não cumprimento da liminar de soltura de Lula, o deputado acredita que há uma ação política da Polícia Federal para manter Lula preso. “A Polícia Federal está tentando de toda forma postergar a saída. Com certeza tentando achar algum fato para evitar a saída de Lula. Mas temos a convicção que vai dar certo e que Lula irá sair”, reforça. 
 

Edição: Cecília Figueiredo