Pernambuco

RESISTÊNCIA

Após uma semana, greve de fome por justiça no STF continua

No domingo (05), Jaime Amorim reafirmou a necessidade da greve de fome e traçou perspectivas para a política agrária

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |
Durante a semana, os grevistas receberam visitas de solidariedade de políticos, religiosos e movimentos populares
Durante a semana, os grevistas receberam visitas de solidariedade de políticos, religiosos e movimentos populares - Adi Spezia/MPA

No último dia 31, um grupo de seis militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Central de Movimentos Populares (CMP) entrou numa greve de fome para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à prisão do pré-candidato à presidência e preso político Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o grupo, a greve só acabará quando Lula for solto. 
Jaime Amorim, Vilmar Pacífico e Zonália Santos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Rafaela Alves e o frei Sergio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), e Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, da Central de Movimentos Populares (CMP), tem diversas histórias e motivos para estar em greve, mas, os principais objetivos da mobilização são denunciar a volta do Brasil ao Mapa da Fome, sendo uma das consequências do golpe de 2016 e dos vários cortes em políticas sociais e também a denúncia da manobra do poder judiciário na decisão de manter Lula preso, o que pode impedir que dispute às eleições para a presidência do Brasil. 
No primeiro dia, após ler e protocolar o manifesto no STF, os grevistas foram expulsos do local de forma violenta, mas no dia seguinte os militantes voltaram à sede do Tribunal para propagandear a greve. “Nós vamos voltar ao STF até quando tivermos força física para isso. Quando não tivermos mais forças outros companheiros estarão acampados permanentemente na frente do STF para divulgar a greve de fome e fazer o debate com a sociedade”, reforçou Jaime Amorim, militante do MST-PE. 
Durante a semana, os militantes receberam visitas de apoio, como de Manuela d’Ávila (PCdoB-RS); Carlos Moura, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); da Caravana Semiárido Contra a Fome, que passou por sais estados denunciando o retorno da fome ao país, da Pastoral da Juventude Rural (PJR), do deputado federal Paulo Pimenta (PT) e de Gleisi Hoffmann, presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT). No sábado, durante uma missa na Catedral Metropolitana de Brasília, muitas pessoas cumprimentaram e demonstraram solidariedade ao grupo. Além das visitas, saudações foram enviadas pela internet de Evo Morales, presidente da Bolívia e da presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) Marianna Dias. Além das visitas, uma equipe de saúde monitora diariamente os seis grevistas, fazendo avaliações médicas e tratamentos como acupuntura, alongamentos e sessões de Reiki.
Mesmo com sintomas causados pela privação de alimentos, como fadiga, sono e dores musculares, o grupo continua firme e com o “espírito elevado”, como enfatiza Rafaela Alves. “O presente e o futuro das nossas gerações está muito ameaçado neste momento. Não nos resta outro caminho senão lutar. A nossa juventude está em meio a este cenário. A juventude continua tendo um papel fundamental nos processos de transformação. Eu tenho uma tarefa como jovem, mulher, nordestina, sertaneja e camponesa. Eu quero dar minha contribuição para mudar esses rumos”.

Nesse domingo (05), Jaime Amorim relatou como o governo Lula mudou as perspectivas para o povo nordestino. No artigo publicado no site do MST, ele mostra a mudança de visão do governo em relação aos investimentos em ciência, tecnologia e educação na região e também as políticas para os camponeses e camponesas do semiárido. O militante também traçou desafios para Lula em relação à política agrária, caso ele seja eleito novamente “A principal tarefa de Lula para o Nordeste, assim que for eleito novamente presidente do Brasil é resolver o problema histórico da concentração de terra e o poder do latifúndio e das oligarquias regionais, que impedem o povo de exercer livremente a democracia e ter acesso à terra para trabalhar e produzir alimentos para o seu sustento e para a população das cidades”.

Edição: Catarina de Angola