Bahia

RESISTÊNCIA

Artigo | As mulheres negras e os desafios contemporâneos

Redução e extinção de políticas raciais e de gênero são reflexo do golpe de 2016

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Desigualdades persistem e constata-se que a equidade racial e de gênero estão longe de serem alcançadas.
Desigualdades persistem e constata-se que a equidade racial e de gênero estão longe de serem alcançadas. - Arquivo pessoal

O 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha, descortina trajetórias de lutas históricas, desafios e perspectivas das mulheres negras. Reconhecido pela ONU como marco da luta e da resistência da mulher negra, a data contribui para o debate sobre nossa vida econômica, social e política.

As desigualdades persistem e constata-se que a equidade racial e de gênero estão longe de serem alcançadas. Levantamento do IBGE aponta que a renda média da mulher negra é 42% da de um homem branco, por exemplo. Seria preciso aguardar 80 anos para equiparar as rendas.

No lugar do enfrentamento a estes problemas estruturais, percebemos a redução ou extinção de políticas raciais e de gênero, reflexo do golpe misógino de 2016. É o desmantelamento de programas de transferência de renda, de acesso e permanência nas universidades, do Minha Casa Minha Vida, projeto Cisternas, titularidade de terras, Casa da Mulher Brasileira e outras medidas de combate à violência, todas elas fortalecedoras das mulheres negras.

Não há, então, outro sentimento que nos move, a não ser o desejo de continuar a luta. De se insurgir contra a retirada de direitos dessa política desastrosa implementada no país. O golpe atingiu em cheio o povo brasileiro, que passou a assistir ao esvaziamento das secretarias de Políticas para as Mulheres e de Promoção da Igualdade Racial. E, lamentavelmente, quem mais sofre são as mulheres, a população negra, LGBTs, os sem terra, além das mulheres das águas, campo e florestas.

É imprescindível garantir os direitos das mulheres, sobretudo as mulheres negras, a sua saúde integral; ocupação do poder; acesso ao território; valorização dos saberes tradicionais; preservação de um modelo que respeite a sociobiodiversidade, a alimentação saudável e o bem viver. Seguimos em marcha pelo reestabelecimento da democracia, por uma nação forte que recoloque as políticas afirmativas na centralidade. Salve Tereza de Benguela, Maria Felipa, Dandara, Luiza Mahin!

*Fabya Reis é secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial da Bahia e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Edição: Elen Carvalho