SOLIDARIEDADE

Circo ao lado de acampamento acolhe Marcha Lula Livre em Sobradinho (DF)

Diálogo com a comunidade é uma das propostas da ação promovida pelo MST e pela Via Campesina.

Sobradinho (DF) |
Em Sobradinho (DF), sem-terra são convidados para assistir espetáculo de circo
Em Sobradinho (DF), sem-terra são convidados para assistir espetáculo de circo - Fotos: Júlia Dolce

Doação de alimentos, distribuição de jornais do Brasil de Fato e atos político-culturais são algumas das atividades já realizadas pela Marcha Nacional Lula Livre em diálogo com as comunidades por onde as fileiras têm passado no centro-oeste brasileiro. Neste domingo (12), a acolhida foi diferente em Sobradinho, onde chegou a Coluna Ligas Camponesas. O Circo Real Português, que está no mesmo espaço onde foi montado o acampamento, convidou os trabalhadores para sessões especiais, a preços camaradas. 

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A agricultora Rivanda Alves, 50 anos, veio da Bahia para marcha e aceitou o convite. “Eles fizeram a um valor de R$ 5. Acredito que é também um incentivo a nossa luta e também a ‘Lula Livre’. As cidades que temos passado nos acolheram e a gente agradece muito a população”, apontou. Também na tarde deste domingo, integrantes da Brigada de Agitação e Propaganda visitaram a comunidade do entorno onde foi montado o acampamento para distribuição de uma edição especial do jornal Brasil de Fato.

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Ivan Carvalho Portugal, 77 anos, é o primeiro de quatro irmãos que já nasceram no circo. Debaixo de lonas coloridas, a família vive há várias gerações, somando cerca de 200 anos, da tradição circense. “É difícil, mas vida melhor não há. A gente está sempre resistindo”, disse Ivan, que se veste todos dias de palhaço Formiguinha para animar o público. Nas andanças do circo pelo país, Ivan já cruzou outras vezes com resistência dos sem-terra sob as lonas pretas. “Os sem-terra estão sempre procurando um lugar para brigar pelo seu pedaço, pelo direito deles. Tomara que dê certo”, apontou. 

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O Formiguinha, como é chamado pelos colegas de trabalho, prefere não falar muito da disputa eleitoral, mas sabe que a vida não anda fácil. “Tudo está caro. A gente não consegue rodar mais com o circo. E não é só a combustível, é tudo. Comida também”, relatou. Apesar de não conhecer todas as pautas presentes da marcha, Portugal sente na pele o que os camponeses estão criticando, que é o aumento do custo de vida. “E também muita coisa que precisa melhorar. Essa coisa da saúde piorou, né? Graças a Deus que não adoeci ainda”, relatou. 

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A Marcha 

Três colunas fazem parte da Marcha Nacional Lula Livre que teve início na sexta-feira (10). São cerca de cinco mil manifestantes, marchando aproximadamente 10 quilômetros por dia até chegar à capital federal. Para além da questão da liberdade de Lula, os manifestantes também pautam a agroecologia, a reforma agrária, o temor da volta da fome e o retorno ao desemprego.

Além da Coluna Ligas Camponesas, que está em Sobradinho, a Coluna Tereza de Benguela, batizada com o nome de uma liderança quilombola, iniciou o terceiro dia de marcha, saindo da cidade de Samambaia (DF) e está agora entre Taguatinga e Riacho Fundo. A Coluna Prestes, que lembra de Luís Carlos Prestes e sua coluna militante da década de 1920, saiu de Valparaíso, onde fez uma doação de alimentos agroecológicos, denunciando o aumento do custo de vida dos trabalhadores após o golpe de 2016, e chegou em Santa Maria.

Edição: Brasil de Fato