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Coluna Curto e Grosso | Libertadores e final em jogo único

Estamos abrindo mão de valorizar nosso diferencial para buscar uma suposta padronização lucrativa

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Em 1976, Cruzeiro venceu a final contra o River Plate em campo neutro, no Estádio Nacional de Chile
Em 1976, Cruzeiro venceu a final contra o River Plate em campo neutro, no Estádio Nacional de Chile - Foto: Arquivo Cruzeiro

Salve, salve meu povo, tudo bem? Está confirmado: em novembro de 2019 a final da Taça Libertadores será disputada em jogo único, no caso, em Santiago do Chile, do outro lado da cordilheira dos Andes. A novidade, sem dúvida alguma, tem a influência direta do modelo utilizado pela UEFA para a final da liga dos campeões. Tudo bem que a final em campo neutro não é uma novidade na competição sul-americana, uma vez que, até os anos 80, o jogo de desempate entre duas equipes era sempre longe da casa dos adversários. 
A grande questão que essa “novidade” provoca é a justificativa para a final de jogo único. Estamos abrindo mão de valorizar justamente o nosso diferencial no mundo do futebol, para buscar uma padronização que teoricamente iria trazer vantagens econômicas e “modernizar” o futebol sul-americano. 
Segundo a Conmenbol, a final em jogo único irá “potencializar o desenvolvimento esportivo do futebol sul-americano, mediante maiores recursos, mais investimentos e melhores padrões em todos os níveis”. Parece que tantos benefícios surgiram após a primeira decisão em campo neutro e não por meio do combate à corrupção nas federações nacionais e na própria Conmebol. Havia uma tentativa de conter que os principais jogadores deixassem o continente antes mesmo de se tornarem adultos. Outra de que o dinheiro gerado fosse reinvestido no nosso futebol, inclusive como um fator de inclusão social. Séculos já se passaram, mas a mentalidade de colônia segue firme nas mais diversas áreas da vida por aqui.
 

Edição: Wallace Oliveira