Solidariedade

Artistas lançam campanha de apoio à greve de fome por justiça no STF

Eles pedem que Cármen Lúcia inclua Ações Declaratórias de Constitucionalidade em pauta de votação do STF

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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O ator Osmar Prado (à esq.), após conversa de grevistas com Cármen Lúcia da qual participou
O ator Osmar Prado (à esq.), após conversa de grevistas com Cármen Lúcia da qual participou - Adivalne Spezia/Rede Soberania

Uma série de artistas tem manifestado apoio à ‘Greve de Fome por Justiça no STF', deflagrada há mais de 20 dias em Brasília (DF). Eles reforçam o pedido dos sete integrantes de movimentos do campo e da cidade para que Cármen Lúcia inclua a Ação Declaratória de Constitucionalidade 54 (ADC) na pauta de julgamentos do Supremo Tribunal Federal. 
A ADC, apresentada pelo Partido Comunista do Brasil, pede a revisão da orientação do STF que definiu serem constitucionais as prisões a partir de condenação em segunda instância, quando ainda há possibilidade de apresentar recursos e o acusado pode, portanto, ter sua inocência decretada pela Justiça. 
O ator Osmar Prado, que visitou Cármen Lúcia recentemente junto a uma comitiva que pedia a inclusão do processo na agenda do Supremo, pediu que a ADC seja pautada para que a greve de fome não tenha um fim trágico. 
“Ministra Cármen Lúcia, por favor paute, coloque em votação as ADCs, para que seja mantida a presunção de inocência, permitindo que não termine com um desfecho trágico de sete pessoas que estão em greve de fome lutando por justiça. Faça isso, por favor”, demandou. 

A atriz Bete Mendes também se somou à campanha, apontando que os objetivos da greve de fome sintetizam o desejo e a visão da maioria da população brasileira.“Ponho a minha voz junto a de milhões de brasileiros e brasileiras e a das sete pessoas, homens e mulheres, que estão em greve de fome para fazer uma súplica: ponha em votação a ADC 54, por favor”, defendeu. 
O cantor pernambucano Otto reiterou o apelo a Cármen Lúcia para que a questão seja resolvida da forma mais rápida possível. “Estou aqui em nome de sete pessoas que estão em greve de fome pela ADC 54, pela presunção de inocência. Que a senhora coloque em pauta. Que a gente consiga chegar a uma democracia com justiça e liberdade civil neste país”, apontou. 
O músico Siba reforçou o pedido à presidenta do STF para que o texto literal da Constituição seja restabelecido. “Atenda ao apelo humanitário das sete pessoas que estão em greve de fome. Coloque em pauta para julgar a ADC 54, da presunção de inocência”, pediu. 

O pedido central da ADC é que a validade da redação do artigo 283 do Código de Processo Penal, que estabelece que “ninguém poderá ser preso senão […] em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado”, seja reestabelecida como regra, sob a luz da Constituição em seu artigo 5º, que define que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
Ana Cañas, cantora, ressaltou que Cármen Lúcia deve levar em consideração que a greve de fome já se estende por um longo período de tempo: “Venho te pedir para que você atenda o pedido das sete pessoas que estão em greve de fome há mais de vinte dias”. 

A atriz Cristina Pereira também apontou que os sete grevistas são expressão não só da posição da maioria da população, mas também do desejo de que as garantias constitucionais sejam restauradas. “Coloque em votação a ADC 54, em nome de milhares de brasileiro e também de sete companheiros em greve de fome por justiça”, disse. 
Na prática, a ADC pede que o STF reveja um posicionamento, adotado em 2016, que permitiu a prisão após condenação em segunda instância. A reversão da posição do STF implicaria na libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência pelo PT, que, para os grevistas, é símbolo de esperança de melhores dias diante do retorno da fome e da miséria no país. 

A possibilidade de prisão após condenação em segunda instância abarca outras situações além da do petista. Levantamento da Defensoria Pública de São Paulo apontou que, apenas naquele estado, cerca de 14 mil pessoas foram presas automaticamente por conta da decisão do STF nos últimos dois anos. 

Edição: Katarine Flor