Reivindicações

Grevistas de fome fazem ocupação simbólica do STF para exigir Justiça

Há 23 dias sem comer, grevistas estiveram no Supremo nesta quarta-feira, dia 22, para falar com a ministra Rosa Weber

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Rosa Weber e chefe de gabinete de Barroso conversaram com os integrantes da menifestação
Rosa Weber e chefe de gabinete de Barroso conversaram com os integrantes da menifestação - Michelle Calazans/AsCom CIMI

Os sete integrantes de movimentos populares do campo e da cidade que deflagraram greve de fome há 23 dias foram recebidos nos Supremo Tribunal Federal (STF) para que expusessem suas demandas. Os grevistas passaram parte da tarde e da noite, desta quarta-feira (22), na Corte. Ao final do dia, porta-vozes do protesto afirmaram que a data significou uma ocupação simbólica do órgão. Chegando ao Supremo por volta das 15h, os grevistas foram recebidos pela chefe de gabinete do ministro Luis Roberto Barroso.

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Kelli Mafort, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), acompanhou os grevistas e afirmou, ao final do dia, que foi exposto o compromisso político de combater o retorno da fome e da miséria ao país, bem como a visão de que a candidatura Lula representa para a população a esperança para superar tal situação.

"Fomos recebidos por esta representante do ministro Barroso. Colocamos nosso pleito principal da greve de fome. Ela anotou e ficou com o compromisso de levar até o ministro Barroso”, afirmou Kelli.

Durante a tarde, houve expectativa de que os grevistas seriam recebidos posteriormente pelo próprio Barroso, o que não se concretizou. Segundo Mafort, um encontro presencial com o ministro deve ser novamente pleiteado. Após o fim da sessão de julgamentos do STF nesta quarta-feira, a ministra Rosa Weber recebeu a comissão dos grevistas de fome. 

“Fomos muito bem acolhidos. Colocamos nossa mensagem: nós, brasileiros e brasileiras, através dessa ação dura, mas corajosa, não desistiremos do país. Estamos lutando para que não haja uma volta radical da fome e a miséria não se expanda. E para que sejam garantidos os direitos democráticos. Na nossa visão, nós ocupamos hoje o Supremo Tribunal Federal”, avaliou Mafort.

Segundo a militante do MST, os grevistas pediram que a ministra Rosa Weber, no caso de uma decisão, vote de forma “consciente” tendo em vista a realidade do povo brasileiro. 

Os grevistas exigem que o STF coloque em sua agenda de votações a Ação Declaratória de Constitucionalidade 54, que pede a revisão da posição da Corte sobre a possibilidade de prisão apenas após condenação em segunda instância. 

Quando da votação de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Barroso, conhecido por seu alinhamento à Lava Jato, votou a favor da prisão após segunda instância. Já a ministra Rosa Weber declarou ser contrária à possibilidade, mas considerou que a posição do Supremo, assumida em 2016, não poderia ser revista em um caso específico. 

Cabe à Presidência do STF, hoje ocupada por Cármen Lúcia, determinar que a ADC vá a julgamento, já que o relator do processo, ministro Marco Aurélio Mello, já finalizou seu voto. 

Edição: Juca Guimarães