Greve de Fome

Jaime Amorim: A disputa da comunicação

Atualmente, a imprensa monopolista, se colocou novamente a serviço de promover e legitimar o golpe, afirma o militante

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Desde 1992, Amorim colaborou na construção do MST no nordeste
Desde 1992, Amorim colaborou na construção do MST no nordeste - MST

 “A comunicação, pelo contrário, implica numa reciprocidade que não pode ser rompida. Por isto não é possível compreender o pensamento de sua dupla função: cognoscitiva e comunicativa. Esta função, por sua vez, não é extensão do conteúdo significante do significado, objeto do pensar de do conhecer. Comunicar é comunicar-se em torno do significado e do significante. Desta forma, na comunicação, não há sujeitos passivos. Os sujeitos co-intencionados ao objeto de seu pensar se comunicam seu conteúdo. O que caracteriza a comunicação enquanto este comunicar comunicando-se, é que ela é diálogo, assim como o diálogo é comunicativo. Em relação dialógica-comunicativa, os sujeitos interlocutores se expressam, como já vimos, através de um mesmo sistema de signos lingüísticos. É então indispensável ao ato comunicativo, para que este seja eficiente, o acordo entre os sujeitos, reciprocamente comunicantes”  

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Paulo Freire 

Hoje completamos 26 dias de greve, a pressão sobre o STF e o poder judiciário, está aumentando e esta noite vamos acertar se já esticamos a corda o suficiente, se já cumprimos a nossa missão patriótica determinada pelas nossas organizações, se seguimos ou paramos a greve e vamos para o plano das grandes mobilizações, para garantir nas ruas a liberdade de Lula, a vitória eleitoral e a derrota do golpe. Amanhã pela manhã já teremos esta decisão. Por enquanto seguimos em Greve de Fome. 

O monopólio da comunicação no Brasil, é parte da nossa história. A dominação e o controle ideológicos da população sempre foram tarefa da tríade de controle ideológico: jornais, mais tarde o rádio e depois a televisão, a escola e a igrejas (hoje as Igrejas).  Para garantir uma aceitação passiva do Golpe de 1964 eles criaram a TV Globo com rede nacional e rádios paulistas e cariocas com alcance nacional. As igrejas mobilizando nos cultos e nas grandes caminhadas contra o comunismo, as universidades foram tomadas por agentes infiltrados, reprimindo e prendendo estudantes e nas escolas ensinando a defesa do patriotismo e o respeito aos símbolos nacionais. Como apoio ao controle ideológico, a tortura, o assassinato e a repressão. 

Transformaram o “ser comunista”, em um inimigo para pátria e inimigo do povo, um ser antipatriota, antirreligioso que tem que ser banido da face da terra. E assim justificavam todas as atrocidades contra militantes, religiosos, sindicalista, que defendiam a justiça social, igualdades e democracia. Sonhavam, independente de ser comunista, com um país justo e soberano. O poder ideológico a serviço do golpe transformou e todas e todos em “Comunistas”. Para justificar a violência, a prisão e a tortura. Muitas vezes em praça publica, sob os olhares, indiferentes da população, e aos gritos dos militares, “comunistas tem que morrer”, como ocorreu com o Gregório Bezerra, preso, torturado e arrastado por um carro, na cidade do Recife.

Atualmente, a imprensa monopolista, mais uma vez toma partido, se colocou novamente a serviço de promover e legitimar o golpe. Convoca a população para ruas em 2013 para criar um sentimento contrário ao Partido do Trabalhadores (PT) e contrário a Lula e Dilma, além de transformar todos os lutadores e lutadoras do povo em corruptos. A igreja passa a convocar caminhadas pela Fé, passaram a aprovar o projeto de educação da “escola sem partido”. Inicialmente nas Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas. Tiveram a ousadia de propor, retirar o título conferido a Paulo Freire de Patrono da Educação Brasileira. Trabalham para derrotar quem ousa desafiar o poder dominante.

Este período recente da conjuntura, pode servir de exemplo para o enfrentamento, a batalha que precisamos fazer nos meios de comunicação. Realizamos varias mobilizações de massas, fortes e bonitas, como a Marcha Lula Livre, de Caruaru à Recife, foram 130 Km caminhado com mais de duas mil pessoas. A Marcha nacional com três colunas, a Greve de Fome de 26 dias, atos de vigília e jejum em vários estados. Todos estes atos políticos de repercussão nacional e internacional, a grande imprensa, ou a imprensa burguesa ou ainda, a imprensa comercial fez de tudo para inviabilizar e isolar.

O que eles não contavam é com os novos elementos e instrumentos de comunicação e informação como: as mídias sociais, comunicação popular em rede, blogs, rádios web e livres, jornais impressos, em especial a atuação do Brasil de Fato com o seu sistema de comunicação: tablóide semanal e especiais, programa de rádio , página na internet e rádio web, romperam com esta tentativa de invisibilidade. 

Este processo nos indica, caminhos da comunicação de massas, do projeto político e da causa da classe trabalhadora. A Comunicação terá que cumprir um papel estratégico de levar informação e comunicação com a maior brevidade e atualização possível, atingir o máximo de pessoas, e não apenas a base de militantes.  Nos profissionalizar para aperfeiçoar a utilização e toda a capacidade deste conjunto de ferramenta de comunicação. Mas a forma mais eficiente de comunicação com a massa, ainda é a clássica: mobilizações permanentes, de diferentes formas e objetivos, trabalho de base, nos locais de moradia e de trabalho e brigadas de agitação e propaganda em todas as principais cidades brasileira para propagandear as nossas bandeiras de luta.

Aperfeiçoar o sistema Brasil de Fato para ampliar sua capacidade de atuação em todos os estados, com distribuição dos tablóides semanais, profissionalizando as equipes de distribuição. Ampliar os programas de rádio e garantir com os outros instrumentos, a informação precisa em tempo real. Aos poucos a mídia comercial vai ter menos influência e menos controle ideológico contra o nosso povo.  E vamos combater o analfabetismo politico de Bertolt Brecht 

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. 

Vamos combater um bom combate, também na Comunicação.

*Jaime Amorim, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em greve de fome por justiça no STF.

Edição: Redação Brasil de Fato