Economia

Argentina: dólar dispara, e governo eleva taxa de juros de 45% para 60%

Em um ano, peso argentino sofreu desvalorização de quase 100% frente ao dólar, indica o Banco Central

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Banco Central do país diz que medida foi tomada por risco de impacto na inflação doméstica
Banco Central do país diz que medida foi tomada por risco de impacto na inflação doméstica - Wikicommons/Reprodução

O Banco Central da Argentina (BCRA) decidiu nessa quinta-feira (30) elevar a taxa básica de juros de 45% para 60% ao ano para tentar segurar a alta do dólar no país e os efeitos na inflação. A medida veio após a moeda norte-americana começar a ser vendida a 40 pesos em casas de câmbio, um valor recorde.

Na quarta (29), o dólar havia encerrado o dia em 34,4 pesos. Após o aumento de juros, o preço da divisa refluiu brevemente. No entanto,  os mercados de câmbio encerraram as operações com o dólar a 40 pesos, mesmo com o BCRA queimando 330 milhões de dólares em reservas com o objetivo de interromper a alta.

Em comunicado, o BCRA argumentou que o aumento dos juros foi feito "em resposta à conjuntura cambial atual e diante do risco de que implique em um maior impacto na inflação doméstica".

Essa foi a quarta vez que a entidade aumenta a taxa de juros do país desde junho. Na data, o BCRA havia decido por um aumento de três pontos percentuais, que se repetiram no mês julho e no começo de agosto.

O BCRA ainda declarou que, "para garantir que as condições monetárias mantenham seu viés contratativo, o Copom (Comitê de Política Monetária) se compromete a não diminuir o novo valor da sua taxa de política monetária ao menos até o mês de dezembro".

Para o ex-investigador chefe do BCRA Jorge Carrera a subida do dólar está ligada "a falta de um plano econômico integral. O governo não definiu se quer deixar o dólar flutuar ou quer manter a paridade em algum ponto".

Ao jornal argentino Página 12, o economista disse que "se deixam que o dólar suba até que o mercado encontre um nível de equilíbrio, é necessário armar todo um instrumental para compensar o impacto redistributivo".

As medidas se tornaram mais um episódio da crise econômica que atravessa o governo do presidente Mauricio Macri.

Segundo dados do próprio BCRA, o dólar se valorizou quase 100% em um ano. No fim de agosto de 2017, a moeda norte-americana estava a 17.66 pesos.

Panorama de crise 

A expectativa do governo, no início do ano, era de uma taxa de inflação de 15% em 2018. No entanto, o índice subiu a 20% no meio do semestre e, recentemente, a previsão chegou a 30%.

As baixas na economia levaram Macri ao Fundo Monetário Internacional, a quem o mandatário solicitou um empréstimo para equilibrar as contas nacionais. O acordo foi firmado em 50 bilhões de dólares - pagos em parcelas até 2020. 

O governo já conta com 15 bilhões de dólares do montante acordado, mas pediu novo adiantamento de 3 bilhões de dólares para setembro diante de nova queda na atividade econômica em junho, registrada em 6,7%. Em meio ao cenário de incerteza, a projeção de crescimento passou de 3% para um encolhimento de ao menos 1% ao final de 2018. 

Edição: Opera Mundi