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Lições que devem ser extraídas de incêndio em um espaço histórico

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O trágico acontecimento deve ser analisado a fundo e demonstra inequivocamente como procede o Estado brasileiro com a história do país
O trágico acontecimento deve ser analisado a fundo e demonstra inequivocamente como procede o Estado brasileiro com a história do país - Fernando souza/Adufrj
O Museu foi vítima do descaso das autoridades que lamentam o acontecido

Uma tragédia anunciada. É o que aconteceu no Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista. Um incêndio consumiu parte importante da história brasileira, além de peças de caráter internacional. Foram milhões de peças, segundo o noticiário. 

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O trágico acontecimento deve ser analisado a fundo e demonstra inequivocamente como procede o Estado brasileiro com a história do país.

E também, a mesma mídia comercial que defende com entusiasmo reformas fiscais e cortes de verbas nos mais variados campos, aparece de forma hipócrita lamentando o ocorrido. Isso para não mencionar o presidente Michel Temer, o principal responsável pelo descaso com a cultura e a história brasileira.

O que se pode esperar de um governo que está entregando as riquezas nacionais às multinacionais e conclamando as empresas privadas a tomar conta de museus e tudo o mais que se relaciona com a memória nacional?

Não é à toa que na cobertura midiática do incêndio a Fundação Roberto Marinho estava na prática sendo convocada para assumir o que poderá restar do prédio do Museu.

Para ficar mais claro, o lamentável acontecimento, além de previsto o que poderia acontecer, o Museu foi vítima do descaso das autoridades que hipocritamente lamentam o acontecimento, que poderia ter sido evitado se não ocorresse tanto corte de verbas.

Aliás, em matéria de incêndios de espaços culturais, outros já tinham sido assolados, como, por exemplo, o das artes no Fundão sob a responsabilidade de um organismo federal como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que também tinha a responsabilidade do Museu Nacional.

É preciso conhecer em detalhes o que tem feito o governo brasileiro, que, vale sempre repetir, hipocritamente lamenta o que aconteceu no Museu Nacional, mas que nada fez para evitar o que se previa acontecer.

O governo brasileiro, portanto, deve uma satisfação à opinião pública sobre o porquê ignorar as advertências e agora proceder de forma vergonhosa como se não tivesse nada a ver com o que aconteceu.

O mesmo raciocínio vale para a mídia comercial que defende com unhas e dentes todo o tipo de cortes de verbas do Estado, inclusive as absolutamente necessárias para a conservação de museus, ainda por cima os que guardam importantes peças da história brasileira e mesmo mundial.

É preciso apurar com o máximo rigor o que aconteceu no Museu Nacional e em outros incêndios que afetaram a cultura e a história brasileira, também o motivo pelo qual nestas horas sempre aparece a Fundação Roberto Marinho como se fosse uma instituição privada em condições de assumir todos os Museus que ainda restam no país.

Se não for feita uma investigação rigorosa, seguirão pairando dúvidas sobre tudo o que está acontecendo e que envolvem a responsabilidade do Estado brasileiro.

Resta exigir todo o rigor e acompanhar o desdobramento da cobertura da mídia comercial, ou seja, o grau de hipocrisia sobre os acontecimentos envolvendo a cultura e história deste país chamado Brasil.

Edição: Jaqueline Deister