São Paulo

Agressão a moradores de rua e padre Lancellotti é política higienista, diz Luiz Couto

Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara repudiou a ação da Guarda Civil Metropolitana

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Morador de rua carrega carrinho de papelão em São Paulo
Morador de rua carrega carrinho de papelão em São Paulo - Mabscoito/Creative Commons

Após o episódio de agressão da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo (GCM) a moradores de rua e ao padre Júlio Lancellotti, de 69 anos, dentro do Centro Comunitário Martinho de Lima na última sexta-feira (14), o Ministério Público instaurou inquérito para investigar a ação violenta. A repressão da polícia contra a população de rua não é novidade na cidade de São Paulo. A atual gestão do PSDB é marcada por diversas queixas.

O Centro Comunitário São Martinho de Lima, localizado no bairro da Mooca, funciona desde 1990 como unidade de prestação de serviço à população de rua para atendimento de necessidades básicas, como alimentação, saúde e higiene. Também é um espaço de acolhimento e escuta. 

De acordo com testemunhas, a ação começou durante a manhã da sexta-feira com a tentativa de retirada de pertences de moradores de rua da região, que reagiram à GCM. Os guardas então invadiram o centro e agrediram frequentadores e o padre Júlio Lancellotti. 

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Luiz Couto (PT-PB), repudiou a ação da Guarda Municipal em notícia no site oficial e declarou que a intolerância e violência fazem parte de uma politica de higienização social comumente promovidas por administrações municipais. 

A agressão ao Centro Martinho de Lima não é um caso isolado em São Paulo. A gestão Doria já foi acusada por hostilizar quem não tem acesso à moradia. Uma das ações mais discutidas foi quando o prefeito autorizou o uso de jatos d'água em moradores de rua durante pleno inverno paulistano. No início de 2017, o prefeito alterou um decreto que proibia a retirada de cobertores e pertences pela GCM. Outro ponto de crítica à gestão são as ações violentas na região da cracolândia. 

Versão da GCM

Contactada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública respondeu em nota, que a GCM determinou a “imediata e rigorosa apuração dos fatos”. Segundo a assessoria, uma equipe da Subprefeitura da Mooca realizava trabalhos de zeladoria rotineira, quando foi hostilizada por moradores em situação de rua. Uma viatura da GCM que passava tentou impedir as agressões e teria sido atacada com pedras, pedaços de pau e barras de ferro. 

Edição: Mauro Ramos