Internacional

Clima de perseguição é denunciado na Argentina após prisão de militantes e imigrantes

Juan Grabois, dirigente ligado ao Papa e um dos detidos, denunciou a violência policial; todos foram soltos na madrugada

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Dezenas de manifestantes aguardavam a liberação dos detidos, entre eles, Grabois, que declarou:
Dezenas de manifestantes aguardavam a liberação dos detidos, entre eles, Grabois, que declarou: - Pablo Molinari/Notas Periodismo Popular

Dirigentes sociais e imigrantes foram detidos em Buenos Aires, na noite dessa terça-feira (18), após um protesto motivado pela prisão de seis vendedores ambulantes, a maioria de nacionalidade senegalesa, que trabalhavam nas ruas da capital argentina. Entre os detidos estava Juan Grabois, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos (MTE) e assessor do papa Francisco.

“Por volta das 5h da tarde, a polícia da cidade começou uma operação para prender e sequestrar mercadoria de trabalhadores ambulantes na via pública, uma política que vem executando o governo faz um tempo e a qual viemos denunciando”, explica Nicolás Caropresi, da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP) e do MTE.

O militante relata que, nesse momento, a polícia levou detidos os ambulantes e dois militantes que haviam se aproximado “para tentar frear a violência que estava usando a polícia”. Os detidos foram levados à 18ª delegacia de Buenos Aires, onde, logo depois, se concentraram cerca de 40 pessoas em protesto à prisão, considerada arbitrária pelos movimentos, e para exigir a imediata liberdade dos presos.

“Cerca de 20 minutos depois que chegamos, a polícia inicia um operativo desproporcional para a quantidade de pessoas que éramos, com aproximadamente 400 agentes, com cassetetes, escudos e escopetas, e liberam a rua. Uma vez que estávamos na calçada, nos cercam e começam a nos bater, atirar balas de borracha e gás de pimenta”, conta Caropresi.

Foi neste contexto que, Juan Grabois, que se apresentou como advogado dos militantes e imigrantes, foi também detido junto a outros dirigentes sociais, como Jaquelina Flores e Sérgio Alejandro Sánchez, da Federação Argentina de Catadores, Carretos e Recicladores; Rafael Klejzer, da CTEP, entre outros.

Em vídeo que circulou nas redes sociais no momento da detenção, Grabois denuncia a violência policial e os maus tratos direcionados aos trabalhadores e militantes. “Nos detiveram de maneira absolutamente arbitrária, e fomos perseguidos por nossa atuação política e organizativa”, disse.

Liberação

Por volta da meia-noite, a Secretaria de Segurança de Buenos Aires autorizou a saída de todos os detidos e eles foram liberados. Ao sair da delegacia, Juan Grabois denunciou as políticas de repressão: “Tudo isso é de exclusiva responsabilidade do governo, que gerou um clima de ódio e perseguição contra os trabalhadores e os humildes, que são mostrados como inimigos da sociedade”.

“Está voltando a xenofobia, está voltando o fascismo. É terrível o que estão fazendo com nossa pátria”, afirmou, em frente às dezenas de militantes que comemoravam a soltura e à imprensa que acompanhava o caso no local.

Momento da soltura dos militantes e trabalhadores informais imigrantes, na sua maioria senegaleses | Foto: Resumen Latinoamericano

O secretário de Segurança de Buenos Aires, Marcelo D’ Alessandro, justificou a repressão e a detenção afirmando que os trabalhadores e militantes iniciaram um confronto e teriam ferido policiais. “Não podemos permitir que quebrem coisas ou agridam policiais”, acrescentando que: “Nosso limite é a violência e, nesse sentido, atuamos”, em declarações publicadas pelo Página 12.

Nesta quarta-feira (19), em sua conta no Twitter, o dirigente Juan Grabois declarou: “Tomara que o enorme marco de unidade formado baixo a chuva para defender um grupo de trabalhadores e lutadores sociais de um governo autoritário se mantenha para defender ao Povo argentino do saque e da miséria planificada. Obrigado!”

Edição: Vivian Fernandes