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Eleições

Editorial | "Herdeiros" de Temer concorrem às eleições presidenciais

Muitos candidatos têm no seu programa de governo a mesma política econômica desastrosa adotada pelo governo golpista

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Atuais adversários no campo eleitoral, Alckmin (PSDB) e Bolsonaro (PSL) são dois dos candidatos que apoiam os retrocessos do governo Temer
Atuais adversários no campo eleitoral, Alckmin (PSDB) e Bolsonaro (PSL) são dois dos candidatos que apoiam os retrocessos do governo Temer - Reprodução

Desde 1989 as eleições presidenciais não contavam com um número tão grande de candidaturas à presidência. São 13 candidatos e candidatas com suas propostas e planos de governo. O que impressiona quem analisa cada programa de governo é a similaridade de propostas que, na prática, dão continuidade ao governo Temer. Ao contrário do que se pensa, não é apenas Henrique Meirelles, o candidato à presidência pelo MDB, que tem no seu programa uma cartilha neoliberal de retrocessos ainda mais profundos do que as medidas anti-povo já implementadas desde 2016 pelo seu correligionário Michel Temer.

Analisando o plano de governo, é possível constatar que as candidaturas mais liberais, como a de Geraldo Alckmin (PSDB) até as mais conservadoras, como a de Jair Bolsonaro (PSL), convergem principalmente nas medidas econômicas. Por exemplo, ambos são favoráveis a privatizações de empresas estatais e à reforma da previdência, assim como Álvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e João Amôedo (Novo).

Quando o assunto é educação, Amôedo defende a cobrança de mensalidades nas universidades públicas e Meirelles é favorável ao projeto Escola sem Partido, que já foi considerado inconstitucional pelo Ministério Público Federal (MPF). Mas o candidato que mais apresenta retrocessos para a educação é Bolsonaro. O candidato é favorável ao Escola sem Partido, contrário ao que chama de “ideologia de gênero”, pretende diminuir a oferta de cotas raciais, ampliar a quantidade de escolas militares e incentivar o ensino fundamental, médio e universitário à distância.

Se após o golpe o governo Temer aprofundou a desigualdade social, aumentou as chances do Brasil voltar ao Mapa da Fome, congelou por 20 anos os investimentos na saúde e educação, aprovou a terceirização irrestrita, implementou a reforma trabalhista, cortou os recursos do Minha Casa Minha Vida e impôs uma série de retrocessos que impactam diretamente a vida da classe trabalhadora, é importante ressaltar que o golpe de 2016 não deve ser legitimado nas urnas elegendo um desses candidatos que certamente aprofundará a crise econômica, política e social que o Brasil vive.

O projeto de tornar novamente o país uma espécie de Colônia, atendendo somente aos interesses do mercado mundial não está presente em apenas uma candidatura, mas pulverizado nas diversas iniciativas que a direita aposta, desde o PSDB, até candidaturas que se apresentam como “novas”.

Assim, o desafio dessas eleições é duplo: denunciar o projeto das elites que está materializado em todas as candidaturas da direita e colocar como saída a candidatura que tem mais tem enraizamento no povo, com propostas que podem ajudar o Brasil a sair da crise sem penalizar os mais pobres. Nesse momento, a candidatura de Fernando Haddad e Manuela D’ávila que apresenta esse potencial e que tem crescido nas pesquisas, com possibilidades reais de chegar ao segundo turno e derrotar a candidatura Bolsonaro, líder nas pesquisas, que além de conservadora, carrega consigo uma continuação do programa de Temer.

Edição: Monyse Ravena