1968

Estudantes mexicanos protestam para lembrar 50 anos do Massacre de Tlatelolco

Manifestantes prestam homenagem a estudantes mortos, após o México reconhecer episódio como "crime de Estado"

|
Nas manifestações estudantis de 1968, jovens universitários protestavam quando a polícia abriu fogo contra eles
Nas manifestações estudantis de 1968, jovens universitários protestavam quando a polícia abriu fogo contra eles - Arquivo

Estudantes fizeram manifestações na Cidade do México nesta terça-feira (02) marcando os 50 anos do Massacre de Tlatelolco, em que forças de segurança dispararam contra ao menos 300 estudantes na Praça das Três Culturas, deixando um número até hoje incerto de mortos. 

Durante o ato, jovens universitários se reuniram no local onde a polícia, a mando do então presidente Gustavo Diaz Ordaz, abriu fogo contra manifestantes em outubro de 1968. Segundo Feliz Hernández, um dos organizadores do movimento “2 de Octubre”, a posição dos manifestantes da época representou a “explosão” de ideais que veio à tona naquele ano, que ficou marcado por reivindicações sociais. 

“Em 1968, houve uma grande explosão de valores. Ficou claro para as pessoas que a luta era necessária para a construção de um novo país”, disse. 

Mesmo com a repercussão de movimentos e da denúncia por parte de cidadãos mexicanos, o número oficial de mortos segue impreciso. De acordo com informações oficiais do governo, o total de vítimas era de 25, até que uma nova investigação revelou um total de 44 mortos. 

Segundo manifestantes e pessoas que testemunharam o episódio, o número de fatalidades ultrapassa 300 civis. Apesar das investigações, ninguém foi condenado até hoje. 

Posição do governo e reviravolta 

A posição do governo diante do Massacre de Tlatelolco é historicamente criticada por parte da sociedade civil e de representantes dos direitos humanos, principalmente pelas divergências quanto ao número oficial de vítimas. 

O primeiro pronunciamento do governo reconhecendo o episódio como “crime de Estado” só ocorreu no último dia 25 de setembro, quando a agência oficial da Comissão Executiva de Atenção a Vítimas (CEAV, na sigla em espanhol) divulgou uma nota oficial sobre o caso.  

Segundo o chefe da agência, Jaime Rochín, trata-se de “uma das páginas mais trágicas da história recente do México”. “Aponto que o Movimento de 68 é um divisor de águas na história da defesa e da proteção dos direitos humanos e que a reparação apresentada busca verdade, justiça e memória”, declarou.

Dando sequência ao posicionamento, a administração da capital do país ordenou que placas com o nome do ex-presidente Díaz Ordaz fossem retiradas de estações de metrô. Segundo o prefeito José Ramon Amieva, o ato simboliza o “encerramento de um ciclo” e as placas antigas darão lugar a outras meramente informativas que “não façam referência a nenhuma autoridade”. 

“Consideramos que em 50 anos há ciclos que devem se fechar para se considerar qual é o pensamento e o sentimento da população da cidade de maneira respeitosa, seguindo os regulamentos e protocolos (...) estamos tirando placas de seis estações do metrô”. 

Edição: Opera Mundi