Lula Livre

Cozinheiros do Centro Marielle Vive, em Curitiba, alimentam a resistência

Eles preparam quatro refeições diárias para cerca de 200 pessoas

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Dona Maria Maciel prepara a alimentação dos militantes na cozinha do Centro de Formação
Dona Maria Maciel prepara a alimentação dos militantes na cozinha do Centro de Formação - Fotos: Lia Bianchini

As tardes no Centro de Formação Marielle Vive, em Curitiba, são tomadas por aromas que se misturam: feijão borbulhando na panela, alho e cebola fritando no óleo, o cafezinho sendo coado. Na cozinha, que fica logo na entrada do local, dona Maria Maciel começa os preparativos para o café da tarde e o jantar.

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Pelas mãos dela e de outros três cozinheiros são preparadas diariamente quatro refeições, que alimentam não só os militantes que compõem a Vigília Lula Livre, mas qualquer outra pessoa que esteja no bairro Santa Cândida e pare no Centro de Formação para comer. 

“A gente tem que fazer nossa parte para deixar uma democracia. Se a gente está lutando por uma democracia, a gente tem que ser democrático também”, afirma dona Maria.

A cozinheira tem 62 anos de idade e 32 de militância. Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, no dia 7 de abril, ela se prontificou a ajudar o protesto permanente por sua liberdade. 

Militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), dona Maria deixou sua casa na Ocupação Tiradentes, na zona sul de Curitiba, para empregar seu “dom de cozinhar e alimentar o povo” no Centro Formação Marielle Vive. 

“Tem que ter a gente para ter luta, senão ela não vai pra frente. Eu não deixo ninguém fazer a minha luta por mim. Eu mesma vou e faço”, diz a cozinheira.

Um dos companheiros de cozinha de dona Maria é Reginaldo de Oliveira, mais conhecido como Cabelo. Ele ajuda a preparar as refeições há quatro meses, desde que a cozinha se fixou no terreno do Centro de Formação Marielle Vive, que fica a menos de 100 metros da PF. 

Vindo de Extremo, cidade do sul de Minas Gerais, Cabelo é militante do PT e acompanha o desenrolar da perseguição política a Lula desde a negação de seu habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

No dia da votação do habeas corpus, 4 de abril, Cabelo estava em Brasília. De lá, foi para São Bernardo, onde acompanhou os momentos anteriores à prisão de Lula. Desde o dia 12 de abril, Cabelo descarregou as malas em Curitiba para só voltar a Minas Gerais “no dia em que o Lula sair”.

“Muita gente acha que a gente está aqui pelo Lula, mas não é só pela pessoa do Lula. A gente está aqui para defender um plano de governo que vai beneficiar os mais pobres, não esse plano de governo que só favorece os ricos”, explica.

Junto a outros dois cozinheiros, dona Maria e Cabelo preparam por dia, em média, 30 quilos de arroz, 15 quilos de feijão, 30 quilos de carne e 120 litros de café. São alimentadas cerca de 200 pessoas diariamente. Todo alimento preparado é fruto de doação de pessoas comuns.

Centro de Formação

O espaço onde fica a cozinha, o Centro de Formação Marielle Vive, foi inaugurado no dia 4 de setembro, com o intuito de realizar atividades paralelas à Vigília Lula Livre, voltadas, principalmente, para a formação e a cultura. 

O espaço já recebeu o Curso Básico de Formação de Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e realizou a exibição dos documentários “Dedo na Ferida”, de Silvio Tendler, e “Agrofloresta é Mais”, de Beto Novais. Ambas as exibições foram sucedidas de um debate com os diretores dos filmes. 

Atualmente, o espaço é coordenado pelo MST e conta com a ajuda de militantes de outros movimentos sociais na organização.

Edição: Diego Sartorato