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"Vitória de Haddad abriria novo campo para esquerda", afirma Armando Boito

Professor da Unicamp e Ricardo Gebrim, advogado e membro da Consulta Popular, analisam pleito deste domingo (7)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ricardo Gebrim e Armando Boito
Ricardo Gebrim e Armando Boito - Foto: Juliano Vieira /Brasil de Fato

O avanço neoliberal encontrou uma opção eleitoral viável, fato inédito em nosso país nos últimos 20 anos. Essa é a avaliação de Armando Boito, professor de ciência política da Unicamp, ao avaliar a ascensão de Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha à presidência da república.

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“O campo neoliberal não tinha impacto eleitoral e popular para vencer a proposta neodesenvolvimentista do PT, de intervenção do Estado na diminuição da desigualdade histórica. A situação é nova porque o liberalismo encontrou uma via eleitoral”, afirmou Boito durante a cobertura especial das eleições na Rádio Brasil de Fato.

De acordo com Boito, a candidatura de Bolsonaro reforça elementos que envolvem racismo, homofobia e o machismo da sociedade brasileira. Para ele, esses fatores não estavam tão presentes nas outras eleições. “A candidatura e o crescimento do Bolsonaro tem mostrado que o preconceito contra a comunidade LGBT, as mulheres e os negros são os recursos políticos movimentados pelo campo liberal. São preconceitos da sociedade brasileira, mas isso não era tão forte em 2014, 2010 ou 2006”, argumenta.

Sobre uma possível disputa no 2º turno entre o candidato do PSL e Fernando Haddad, do PT, Boito acredita em uma vitória do campo petista, mas afirma que um eventual governo progressista precisará ter serenidade para enfrentar a onda conservadora estabelecida. “Se o Haddad vencer será a nossa primeira grande vitória desde o golpe contra a Dilma Rousseff, e que abre um campo novo. É difícil prospectar, mas penso que um governo Haddad será difícil, porque as mobilizações podem voltar, os 'coxinhas'... A vitória do PT significa uma vitória contra o campo conservador, mas isso não significa que esse espectro vai desaparecer”, explica.

Outro convidado durante a cobertura das eleições, Ricardo Gebrim, advogado e membro da Consulta Popular, afirmou que a estratégia neoliberal está associada à políticas que podem ser desastrosas ao país, como a liberação do porte de armas.

“Esse discurso do Bolsonaro penetra facilmente nessa sensação de insegurança que vivemos. É uma completa ilusão ter uma arma e achar que você está seguro. Em países com desestruturação social semelhante a brasileira o uso das armas vai aumentar os números de violência”, comenta.

Para Armando Boito, as propostas do candidato para a Segurança Pública “instauram a violência na forma de caos”. “É uma ideia irresponsável, e a grande imprensa trata esse candidato como se fosse um candidato qualquer. Esse conceito de liberar armas é um estímulo direto ao fascismo, e isso e muito sério e grave”, completa.

Edição: Diego Sartorato