Palhaço

"Tiririca foi um deputado mais ativo que Bolsonaro", compara Paulo Moreira Leite

Para o jornalista, candidato do PSL foi um parlamentar apagado, escondido na manada conversadora e apoiador da ditadura

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Ao analisar o perfil do candidato à presidência do PSL, o jornalista destacou que ele seduz eleitores preconceituosos
Ao analisar o perfil do candidato à presidência do PSL, o jornalista destacou que ele seduz eleitores preconceituosos - Imagem: Reprodução/Youtube

Em entrevista à Radio Brasil de Fato, neste domingo (7), o jornalista Paulo Moreira Leite, do portal Brasil 247, fez uma análise da campanha eleitoral para a Presidência da República e falou sobre Jair Bolsonaro, do PSL, cuja candidatura de extrema direita vislumbra um eventual governo nos moldes da ditadura.

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Leite também lembrou que, como parlamentar, Jair Bolsonaro tem um legado minúsculo, apesar dos quase 30 anos de Câmara dos Deputados. O jornalista comparou a atuação do deputado de extrema direita com a do palhaço Tiririca.

"Como político, ele é aquele político típico. Do ponto de vista prático, ele aprovou um projeto. O Tiririca foi mais ativo que ele. É aquele político [Bolsonaro] tão apagado, que você nem sabe o que ele faz porque não importa. Ele tá na manada conservadora, que tá sempre votando contra o povo e se esconde", analisa.

Pelo balanço do site VotenaWeb, o deputado Tiririca participou da votação de 134 projetos de lei, enquanto Bolsonaro participou de apenas 75 votações. Em quase três décadas na Câmara, Bolsonaro apresentou 171 projetos de lei, de lei complementar, de decreto de legislativo e propostas de Emenda à Constituição (PECs). Entretanto, até hoje, apenas dois projetos foram aprovados.

O jornalista Paulo Moreira Leite, que trabalhou 17 anos na revista Veja como editor-chefe e correspondente na França, avalia o desempenho do candidato do PSL durante a campanha eleitoral, em que o presidenciável evitou ao máximo participar de debates.

"Ir no debate para ele é ruim. Ele é um candidato fraco. Ele precisa de alguém para falar por ele de economia. Ele não consegue articular propostas. A única coisa que ele articula bem, mas isso é um perigo, são os próprios preconceitos. Ele seduz pessoas porque tem muitas pessoas que têm preconceitos e que concordam com esses preconceitos, mas, ao mesmo tempo, ele se denuncia", diz.

O jornalista comentou também sobre o tipo de governo que Bolsonaro poderia implantar no Brasil.

"O projeto do Bolsonaro é uma reforma do Estado em moldes de uma ditadura. Um regime autoritário, que ele tem em mente e que ele pratica. Ter uma pessoa de visão autoritária, de métodos autoritários, e querer ocupar a Presidência da República é preocupante", alerta.

Leite lembrou que a equipe de Bolsonaro é repleta de militares e ex-militares simpatizantes da ditadura, e que o próprio candidato se declara admirador de um torturador. Além disso, defende um projeto de militarização do ensino.

Edição: Cecília Figueiredo