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Conheça os deputados federais mineiros financiados por empresários

Levantamento mostra nove candidaturas que mais receberam doações privadas

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Pesquisa foi feita com base no banco de dados do TRE-MG nas últimas semanas, enquanto ocorriam as doações
Pesquisa foi feita com base no banco de dados do TRE-MG nas últimas semanas, enquanto ocorriam as doações - Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

A maior parte dos recursos destinados para as campanhas deste ano partiram dos cofres públicos, em virtude da minirreforma política aprovada em 2017. Além disso, em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o financiamento de campanhas por parte de empresas. Mesmo assim, os empresários não deixaram de financiar seus candidatos favoritos em 2018.

Levantamento feito pela reportagem, com base em informações do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mostram nove campanhas para deputado federal em por Minas Gerais que tiveram expressivos recursos provenientes do empresariado. Desses, seis foram eleitos no último dia 7.

A  lei 13.488/ 2017 aumentou os recursos do Fundo Especial de Financiamento da Campanha. Essa mesma lei deixa livre para as pessoas físicas doarem até 10% da renda apurada no ano anterior. Por exemplo, uma pessoa que possui uma renda de R$1 milhão pode doar R$ 100 mil. Diante disso, nove campanhas mineiras para deputado federal figuram como as que mais receberam doações de pessoas físicas, em especial de empresários.

O levantamento foi feito com base no banco de dados do TRE-MG nas últimas semanas, enquanto ocorriam as doações. Por essa razão, os valores podem ter sofrido alguma alteração.

Candidatos que mais receberam doações empresariais em Minas:

Eleitos

Tiago Mitraud (Novo) - Dos 927 candidatos a deputado federal por Minas, a campanha de Tiago foi 66° mais cara. Ele concorreu pela primeira vez em um cargo eletivo. Do total doado à sua campanha, R$ 658.197,15, 97% provém de doação de pessoas físicas. Rubens Menin Teixeira de Souza, co-fundador da MRV Engenharia, doou R$ 125 mil. José Salin Mattar Junior é o segundo empresário que mais doou para a campanha de Tiago, R$100 mil. Há 10 empresas no nome de Mattar, entre elas destaca-se a Localiza. Outras são no setor pecuário e de petróleo.

Lucas Gonzalez (Novo) - Pela primeira vez concorrendo a algum cargo público eletivo, Gonzalez figura na 70° posição entre as campanhas mais caras. Pelo menos 88% de todas as receitas para o custeio da candidatura decorrem da doação de pessoas físicas. O co-fundador da MRV é o que mais doou para Lucas, com R$ 125 mil. Em segundo lugar vem o dono da Localiza, doando R$ 100 mil.

Domingos Sávio (PSDB) - Do total das receitas de sua campanha, R$ 1.641.000, quase 24% corresponde às doações de pessoas físicas.  O restante ficou a cargo do fundo especial.

Fábio Ramalho (MDB) - Mais conhecido como Fabinho, este candidato teve o total de receitas para o custeio de campanhas na casa dos R$ 2.055.900. De todo o montante, quase 22% provém de doações em CPFs. O co-fundador da MRV Engenharia é o que mais doou para a campanha de Ramalho, R$ 125 mil.

Zé Silva (Solidariedade) - Ocupa a posição 30° entre os que mais tinham recursos para o custeio de campanha. R$ 1.558.356 é o total mais atualizado que Zé possui de receitas. Cerca de 20% desse valor decorre de doações de pessoas físicas. A outra parte vem do Fundo Especial de Financiamento. O titular do CPF que mais doou para este candidato é Marcelino Flores de Oliveira. Empresário baiano, existem sete empresas em seu nome. A maioria delas são do setor agropecuário. 

Newton Cardoso Jr (MDB) - Filho do ex-governador Newton Cardoso, aparecia na colocação 13° entre os candidatos com maiores receitas de campanha, com R$ 1.962. 523. Seus maiores doadores foram o Fundo Especial de Financiamento e pessoas físicas. Nessa última categoria, que equivale a cerca de 17% de todo o dinheiro recebido, a pessoa que mais doou foi Maria de Fátima Turano, que desembolsou R$ 100 mil. Fátima é de Montes Claros (Norte de Minas) e empresária do setor de educação. Alem disso, é dona de uma empresa na área de investimentos.

Os candidatos abaixo concorreram à Câmara e também foram destaque no levantamento. Porém, não saíram vitoriosos:

Marcus Pestana (PSDB) – Concorrendo pela terceira vez a deputado federal, o total de sua campanha é R$1.793.892,33, com isso ele fica na 19° posição entre as mais caras. Desse montante, a maior parte advém de recursos do Fundo Especial de Financiamento. A segunda maior fonte de receitas da campanha do postulante são doações de pessoas físicas, que representam 32% do total arrecado. O principal doador foi Walfrido Silvino dos Mares Guia, com R$ 100 mil. Walfrido é dono da rede de ensino médio e superior Pitágoras e é irmão do candidato a governador pela Rede, João Batista dos Mares Guia.

Alexandre (PSB) – O candidato, cujo nome completo é Alexandre de Souza Andrade, é o que figura na posição 55° entre as campanhas mais caras, com gastos em torno de R$ 926.000. 45% desse valor corresponde às doações de pessoas físicas, a maior parte fica a cargo de repasses do Fundo de Financiamento Especial de Campanha. O co-fundador da MRV Engenharia é o principal doador, R$ 125 mil.

DR Ricardo SOS Aids (DC) – Foi o candidato que mais recebeu doações de pessoas físicas. Dos aproximadamente R$ 70 mil que custaram sua campanha, que é a 215° mais caras em relação às 927, 98% provém de doações de pessoas físicas.

Edição: Especial para o Brasil de Fato