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Sindicalista dos EUA visita Lula e lamenta ameaça a direitos no Brasil

Diretora do Sindicato dos Metalúrgicos dos EUA falou sobre semelhanças entre Trump e Bolsonaro

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Kristyne Peter, diretora de Relações Internacionais do "United Auto Workers - UAW"
Kristyne Peter, diretora de Relações Internacionais do "United Auto Workers - UAW" - Foto: Joka Madruga/APT

Kristyne Peter, diretora de Relações Internacionais do Sindicato dos Metalúrgicos dos Estados Unidos da América (“United Auto Workers - UAW”) visitou a Vigília Lula Livre, em Curitiba, nesta segunda-feira (9), e manifestou a preocupação compartilhada por sindicalistas de diversos países com a conjuntura política brasileira.  

“Como vocês sabem, nós [EUA] estamos sob a administração de Donald Trump e temos visto a destruição dos direitos civis e trabalhistas. E vemos muitas semelhanças entre isso e o candidato da direita aqui no Brasil: misógino, racista, xenófobo, [com propostas que podem] destruir a seguridade social”, disse Peter.

Para a sindicalista norte-americana, o atual presidente dos EUA, Donald Trump, é “praticamente igual” ao candidato do PSL à presidência do Brasil, Jair Bolsonaro. Ela deu exemplo do modo como Trump tem governado o país, atacando diretamente as classes mais populares. 

“Ele [Trump] está pretendendo privatizar escolas públicas do nosso país, ele é imprevisível, mente o tempo todo e basicamente está fazendo uma política que vai beneficiar o 1% mais rico [da população], enquanto aumenta a disparidade entre os pobres e os ricos. Isso cria um problema maior”, explica.

Outra semelhança destacada pela sindicalista foi o fato de que, assim como a campanha de Bolsonaro, Donald Trump investiu fortemente na disseminação de notícias falsas (chamadas de fake news em inglês). Para Peter, é um desafio lutar contra as mentiras espalhadas nas redes sociais, que pode ser superado, no entanto, com a militância “indo às ruas para conversar olhando nos olhos da população”.

Cartas para Lula

Em sua passagem por Curitiba, Peter levou cerca de 700 cartões postais com mensagens de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, escritos por outros sindicalistas e trabalhadores norte-americanos. 

O UAW, sindicato do qual Kristyne Peter é diretora, é um dos maiores da América do Norte, com mais de um milhão de membros espalhados entre Estados Unidos, Canadá e Porto Rico. O sindicato representa os setores automotivo, agrícola e aeroespacial, além de trabalhadores de hospitais, ensino superior e organizações privadas sem fins lucrativos.

“Nós estamos chocados com o modo como Lula está sendo tratado e com a farsa da justiça que está acontecendo no Brasil. Há um ataque à democracia brasileira”, disse Peter.

Do mesmo modo como as empresas são globais, a sindicalista entende que os trabalhadores e as trabalhadoras devem se unir globalmente. Ela conta que o Sindicato dos Metalúrgicos dos EUA mantém relações próximas com outras entidades brasileiras, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). 

Em novembro, a população dos Estados Unidos também irá às urnas, para eleições legislativas, quando escolherão seus representantes para a Câmara e o Senado. Segundo Peter, agora, “mais do que nunca, os sindicatos estão fazendo política nas ruas” para conseguir eleger candidatos e candidatas que representem de fato a classe trabalhadora.

Edição: Diego Sartorato