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"Votar em Bolsonaro é votar em Temer", diz dirigente do MST

Forças de ultradireita liberam a vontade de agressão ao estimular o machismo

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"Custou caro conquistar a democracia e não vamos abrir mão dela", disse dirigente nacional
"Custou caro conquistar a democracia e não vamos abrir mão dela", disse dirigente nacional - Foto: José Eduardo Bernardes/Brasil de Fato
Forças de ultradireita liberam a vontade de agressão ao estimular o machismo

O programa No Jardim da Política desta quinta-feira (11) repercutiu o primeiro turno das eleições de 2018. As diferenças entre um projeto democrático e popular e um projeto conservador de extrema-direita; e os desafios do povo brasileiro para o segundo turno foram os principais temas. 
Para comentar sobre o cenário eleitoral, o estúdio da Rádio Brasil de Fato recebeu Kelli Mafort, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ela afirmou que o candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), representa o retrocesso de direitos da classe trabalhadora em continuidade ao golpe de 2016, que retirou Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), da presidência. 
"Votar em Bolsonaro é votar em [Michel] Temer. É votar no golpe. É estar de acordo com a Emenda Constitucional 95, a favor da reforma trabalhista e pela aprovação da reforma da Previdência. O que está em jogo é uma questão maior do que gostar ou não do PT e de Fernando Haddad, mas votar pela democracia. A história do nosso povo é de resistência. Custou caro conquistar a democracia e não vamos abrir mão dela", afirmou Mafort. 
O ator Fábio Assunção também participou da programação do No Jardim da Política. "Está em jogo todos os avanços que tivemos de inclusão, de progresso, de liberdade, de amor. O movimento que está vindo é tipicamente de pessoas que estão sem identidade, que não sabem o que dizer", disse. 
A dirigente nacional do MST, que também é do setor de gênero do MST, argumentou que o feminismo é uma das principais trincheiras contra as forças neofascistas. Mafort citou o ato de mulheres do último dia 29 como exemplo de que o "Brasil não é o povo da raiva e do ódio". 
"A verdadeira representação de mulheres está nas ruas e a candidatura de Bolsonaro tem manipulado isso com o que eles chamam de ideologia de gênero e kit-gay. Precisamos combater isso, são mentiras que nunca fizeram parte do programa de Haddad", ressaltou. 
Fábio Assunção questionou a falta de informação e empatia na sociedade brasileira. "O princípio ideológico do PT, por exemplo, é muito bem definido desde o início. É um partido democrático e inclusivo, sem sombra de dúvidas. Tudo o que o Haddad vem falando é nesse sentido e ele está apenas dando continuidade a um projeto de país que já existe. Estamos em um momento de escolha. Se a agenda [de Bolsonaro] for aprovada, será que vai continuar sendo crime bater em uma mulher?". 
Mafort comentou sobre os diversos ataques praticados por apoiadores de Bolsonaro pelo país. "Essas agressões são de responsabilidade de Bolsonaro. As forças de ultradireita liberam a vontade de agressão ao estimular o machismo, o racismo e a LGBTfobia. Votar em Bolsonaro é colocar o Brasil em uma situação de convulsão social", afirmou.
O ator argumentou que “não adianta as leis gerarem exclusão, abandono, falta de oportunidades, miséria e querer resolver isso com armas. Isso não tem lógica e base de sustentação, a não ser em regimes fascistas e ditatoriais. Em uma sociedade democrática, esse pensamento não cabe".

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Bancada do boi e da bala

Sobre os projetos das duas candidaturas nas pautas de reforma agrária, transição ecológica e agrotóxicos, Kelli comentou que "Bolsonaro é o candidato da bala, do jagunço, dos latifundiários e dos transgênicos". 
"A questão agrária brasileira está no centro da economia e na disputa desse projeto. Tanto o golpe quanto o programa de Bolsonaro vão no mesmo caminho de que o campo brasileiro seja do agronegócio, da mineração, dos monocultivos e do veneno", explicou.
A dirigente nacional do MST afirmou que o momento político é de unidade suprapartidária e trabalho de base contra um projeto de morte e destruição. "É preciso que todas as pessoas que querem um Brasil melhor e mais justo saiam às ruas, conversem com as pessoas e façam a disputa nas redes sociais. Bolsonaro não vai aos debates porque ele não consegue sustentar nenhuma das propostas de seu programa. Não podemos aceitar que um candidato que não debate suas ideias esteja à frente".

Foto: José Eduardo Bernardes/Brasil de Fato

O programa No Jardim da Política estreou no dia 30 de agosto na Rádio Brasil de Fato. Todas as quintas-feiras, às 14h, é possível conferir entrevistas e reportagens com políticos e analistas sobre as eleições gerais, a política nacional e a cobertura midiática.

Edição: Katarine Flor