Minas Gerais

REPRESENTAÇÃO

Número de mulheres aumenta, mas elas são minoria no legislativo estadual

Em toda a história, apenas 30 mulheres conseguiram ocupar uma cadeira na ALMG

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Da esquerda para direita: Marília Campos, Beatriz Cerqueira e Leninha, do PT, e Andréia de Jesus, do Psol
Da esquerda para direita: Marília Campos, Beatriz Cerqueira e Leninha, do PT, e Andréia de Jesus, do Psol - Reprodução

Em comparação com 2014, as eleições de 2018 registraram um aumento de seis para dez deputadas estaduais por Minas: as educadoras Beatriz Cerqueira e Leninha (PT), a psicóloga Marília Campos (PT), a advogada popular Andreia de Jesus (PSOL), a assistente social Ana Paula Siqueira (Rede), a advogada Celise Laviola (MDB), a pedagoga Rosângela Reis (Podemos), a empresária Ione Pinheiro (DEM), a economista Laura Serrano (Novo) e a policial Sheila Pedrosa (PSL). 
Atualmente, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) possui 77 cadeiras. Em toda a história da casa, apenas 30 mulheres ocuparam uma vaga. Para a cientista política Larissa Peixoto, as regras do jogo eleitoral favorecem os homens. “O foco em candidaturas individuais beneficia quem já tem redes formadas, patrimônio, dinheiro para investir, e isso não se aplica a mulheres. As poucas que são eleitas já têm algum apoio. Elas vêm de um movimento social muito forte ou de uma tradição familiar ou são pessoas de alta renda”, explica. 
Por outro lado, acrescenta Larissa, na distribuição dos recursos de campanha pelos partidos, as mulheres também são prejudicadas. A estudiosa também aponta que, embora o aumento da bancada feminina seja em si mesmo um avanço, isso não é suficiente. “Temos que ver o que elas vão fazer, quais pautas elas vão defender e o que conseguirão fazer com os homens que estarão ali”, conclui. Veja os perfis de algumas candidatas vitoriosas: 

Marília Campos (PT)

"A eleição ainda não terminou. Nós, felizmente, conseguimos uma vitória política e a garantia do segundo turno nas eleições presidenciais”

A psicóloga Marília Campos vai para seu segundo mandato. Iniciou a militância no movimento estudantil nos anos 80. Entre 1990 e 1995, presidiu o Sindicato dos Bancários. Em 2004 e 2008, venceu as eleições para a Prefeitura de Contagem. Concluiu o mandato com 80% de aprovação. Eleita deputada estadual em 2014, ajudou a criar a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.

Beatriz Cerqueira (PT)

Candidata pela primeira vez, a educadora Beatriz Cerqueira foi a mais votada da coligação Unidos com o Povo, com 96.824 votos. Filha de garçom e manicure, é formada em magistério pelo Instituto de Educação de Minas Gerais e direito pela PUC Minas. Trabalhou na rede pública com alfabetização de crianças, jovens e adultos. Iniciou sua militância na Pastoral da Juventude. Depois, tornou-se sindicalista e coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). Foi presidenta da CUT Minas, entre 2012 e 2018. 

Leninha (PT) 

“Essa vitória representa uma esperança de que nem tudo está perdido. Ainda há uma gente miúda, como a gente diz aqui, que acredita no bem comum para todos”. 

A educadora Marilene Alves também iniciará seu primeiro mandato. Natural de Montes Claros, ela é mestre em Desenvolvimento Social. Foi professora da rede pública, diretora do Sind-UTE/MG e presidenta regional da CUT. Coordena o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas e foi diretora-secretária da Cáritas Brasileira. 

Andréia de Jesus (Psol) 

“Mulher negra, periférica, chefe de família: é desse lugar que a gente vai construir a política institucional”.

Eleita em sua primeira candidatura, a advogada Andreia de Jesus trabalhou como empregada doméstica. Sua militância começou nas Comunidades Eclesiais de Base. Em Ribeirão das Neves, ajudou a fundar o pré-vestibular comunitário Guep, mantido pelos estudantes. Foi a primeira de sua família com curso superior. Milita no movimento Brigadas Populares e no mandato das vereadoras Áurea Carolina e Cida Falabela (Psol). 

Edição: Joana Tavares