Reta final

Em SP, Haddad encerra campanha com otimismo: "O Brasil está acordando"

Petista voltou a criticar oponente e afirmou que Bolsonaro "não é razoável" e que representa "grande salto no escuro"

Brasil de FaTo | São Paulo (SP) |

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Centenas de apoiadores acompanharam Haddad em Caminhada pela Paz em Heliópolis, zona sul de São Paulo
Centenas de apoiadores acompanharam Haddad em Caminhada pela Paz em Heliópolis, zona sul de São Paulo - Foto: Nelson Almeida / AFP

Em sua última agenda pública antes do segundo turno das eleições presidenciais -- a "Caminhada da Paz" na comunidade de Heliópolis, zona sul da capital paulista --, o candidato Fernando Haddad (PT) reafirmou, neste sábado (27), que acredita na possibilidade de reverter a desvantagem contra o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL).

"Vai acontecer a virada. Você pode anotar o que eu estou dizendo, o Brasil está acordando. Apesar de tudo, o Brasil está acordando", disse.

A declaração de Haddad é embasada na última pesquisa de intenção de votos do Instituto Datafolha, de quinta-feira (25). Os dados indicam que distância entre os candidatos caiu seis pontos em uma semana. Segundo o levantamento, Bolsonaro teria 56% dos votos válidos se as eleições fossem hoje, contra 44% do ex-prefeito de São Paulo. No levantamento passado, a diferença era de 59% a 41%.

O petista voltou a criticar seu oponente e afirmou que a imprensa está vendendo "gato por lebre". "Estão vendendo um sujeito truculento como uma pessoa da paz, uma pessoa razoável. Bolsonaro não é razoável", afirmou o candidato. 

“Acho muito importante que a população esteja tomando consciência do grande salto no escuro que representa a candidatura Bolsonaro, que nunca teve compromisso com as instituições. Nas últimas semanas estão querendo adocicá-lo, para que ele não pareça ser o que é: uma pessoa truculenta e perigosa. É assim que ele tem que ser apresentado ao país”, afirmou Haddad.

O candidato do PT criticou a onda de apreensão de materiais e censura de aulas em universidades públicas na última semana. "A truculência contra professores, contra as comunidades, é isso o que deveria estar sendo noticiado", criticou o presidenciável.

Foto:  Mídia NINJA + Emergentes + MediaRed

Haddad também se pronunciou sobre o apoio do ex-ministro Joaquim Barbosa e a recusa de Ciro Gomes (PDT) de entrar na campanha. Relator do julgamento do mensalão, em 2012, Barbosa declarou voto em Haddad neste sábado; enquanto Gomes, que já se posicionou contrário a Bolsonaro, mas não declarou e não pediu votos a Haddad.

"Eu já convidei todos os democratas a estarem comigo, todos sabem, inclusive publicamente. Mas também privadamente. Convidei todos os democratas a estarem comigo porque sinto que o Bolsonaro é um grande risco institucional. E o que o Joaquim Barbosa falou é o que todo mundo sabe e alguns têm medo de dizer. Infelizmente, nem todo mundo tem a coragem de admitir o risco que ele realmente representa para o país", disse Haddad.

Esperança na virada

Durante a "Caminhada da Paz" em Heliópolis, o sentimento dos apoiadores também era da possibilidade de virada nas eleições. Centenas de pessoas que acompanharam o percurso de Haddad pela favela levavam cartazes a favor da democracia e cantavam “vai virar essa maré”.

Foto:  Mídia NINJA + Emergentes + MediaRed

Esperançosa, a costureira Lucélia Aparecida de Camargo Gomes, de 45 anos, é uma das apoiadoras que demonstraram acreditar em resultado favorável a Haddad. Ela viajou três horas, do município de Cachoeira Paulista (SP) até a capital, para participar do evento.

"Eu acho que Bolsonaro está provocando muita violência e violência não leva a nada. Vamos trabalhar com a paz, com a saúde", declarou. 

A professora aposentada Elza Santana, de 60 anos, disse temer a retirada de direitos e fragilidade das instituições democráticas caso o candidato do PSL saia vitorioso do pleito eleitoral. "Eu sei o que é uma ditadura", lamenta. 

Acompanhando as eleições presidenciais no Brasil, o deputado espanhol Rafael Mayoral, do partido Podemos, afirma que a decisão das eleições entre Haddad e Bolsonaro será fundamental para a América Latina.

Para Mayoral, a ascensão da extrema direita no país também está relacionada com o conservadorismo em todo o mundo. 

"No nosso país também estamos vendo como as forças reacionárias estão puxando um processo de retrocessos democráticos e apostando em discursos de suposta segurança pública. Quando, para nós, a segurança é o trabalho, a saúde e a educação", analisou o deputado espanhol.

"O mais grave é que [os grupos de extrema direita] se utilizam das bandeiras como se fossem forças nacionais, quando o que querem é a venda de seus países para os grandes grupos financeiros e internacionais", finalizou.

Edição: Diego Sartorato