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Editorial | Convite mal explicado

Gesto de Bolsonaro é uma vil recompensa pela prisão de Lula que, provavelmente, não daria chances à Bolsonaro nas urnas

Brasil de Fato | Curitiba (PE) |
Confiar a pasta da justiça a Moro revela a politização da justiça.
Confiar a pasta da justiça a Moro revela a politização da justiça. - Latuff

Indicado pelo presidente eleito Bolsonaro para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Moro, o magistrado de primeiro grau responsável pela condenação do ex-presidente Lula e por sua inelegibilidade, aceitou o convite de cara. E afirmou que sua atuação será “eminentemente técnica” e centrada no combate à corrupção. O magistrado admitiu, porém, que foi procurado por Paulo Guedes (futuro ministro da economia de Bolsonaro) antes mesmo do segundo turno das eleições presidenciais. Deverá participar, ainda, da equipe de transição presidencial, ao lado de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) – deputado que, apesar de ter admitido o uso de caixa dois em sua campanha, tem o respeito de Moro. 

Entre tantas outras trapalhadas realizadas por Bolsonaro em apenas duas semanas após sua eleição, confiar a pasta da justiça a Moro revela a politização da justiça. Na trágica transição de momentos políticos que vivemos, o gesto de Bolsonaro é uma vil recompensa pela prisão de Lula, o pré-candidato impedido que, provavelmente, não daria chances a Jair Bolsonaro nas urnas, como apontavam as pesquisas eleitorais. Se cumprir a promessa de ser apenas técnico, Moro continuará sendo bastante político. Justiça é coisa para nós, o povo brasileiro, sonharmos e conquistarmos na resistência ao seu governo. 

Edição: Naiara Bittencourt e Guilherme Uchimura