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Futuro ministro da Educação defende que o golpe de 1964 deve ser comemorado

Rodriguez descreve o período militar como uma abertura “com pleno respeito às lideranças civis legítimas"

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Futuro ministro publicou texto em que critica tentativas de responsabilização de torturadores e agentes da repressão
Futuro ministro publicou texto em que critica tentativas de responsabilização de torturadores e agentes da repressão - Marcelo Camargo/ABr

Anunciado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na quinta-feira (22) como futuro ministro da Educação, Ricardo Velez Rodriguez escreveu, em seu blog pessoal, que deve-se “lembrar e comemorar” o 31 de março, data que designa o conjunto de eventos que culminaram no golpe militar que encerrou o governo do presidente João Goulart.

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Em texto intitulado "31 de março de 1954: É patriótico e necessário recordar essa data" – contraditoriamente ilustrado por uma foto em que a bandeira do Brasil é erguida em frente ao Congresso Nacional, fechado durante parte do regime militar -, Rodriguez apresenta suas ideias sobre o aniversário do golpe, afirmando que “as Forças Armadas foram chamadas pela sociedade civil, a fim de que corrigissem o rumo enviesado pelo que o populismo janguista tinha feito enveredar a nau do Estado”.

Ele reconhece que “houve excessos no que tange à repressão” e critica medidas dos governos militares como a criação de empresas estatais, afirmando que “períodos de repressão são ruins em termos de aprendizado democrático”. No entanto, para ele, após a redemocratização, os militares escolheram “de forma errada seu inimigo principal”, atacando liberais quando deveriam, para o futuro ministro, ter concentrado forças no ataque aos “antigos militantes da esquerda totalitária”.

O texto segue com ironias à políticas voltadas aos Direitos Humanos. De acordo com Rodriguez, a Comissão Nacional da Verdade (CNV), que reconheceu como torturador um dos militares defendidos publicamente por Bolsonaro, Carlos Alberto Brilhante Ustra, teria consistido na “iniciativa mais absurda que os petralhas tentaram impor […], segundo a qual os coletivos sindicais iriam tomar posse praticamente de todas as instâncias do poder”.

Apesar de medidas repressoras, como a aprovação do Ato Institucional Número Cinco (AI-5) – responsável pelo fechamento do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas, além de decretar a suspensão dos direitos políticos dos cidadãos considerados subversivos e permitir a censura -, Rodriguez descreve o período militar como uma abertura “com pleno respeito às lideranças civis legítimas surgidas do voto popular e às instituições do governo representativo”. “Orgulhosamente ostento os meus títulos de ‘professor emérito da ECEME’ e de ‘colaborador emérito do Exército’ com que fui agraciado nas décadas de 80 e 90”, encerra.

Edição: Sul21