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Batata-doce, típica latino-americana e rica em carboidratos

Alimento de origem milenar começou a ser produzido por povos indígenas e possui benefícios antioxidantes

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Batatas-doces roxa e avermelhada possuem antioxidantes
Batatas-doces roxa e avermelhada possuem antioxidantes - Divulgação
Alimento de origem milenar começou a ser produzido por povos indígenas e possui benefícios antioxidantes

Avermelhada, branca, amarela ou roxa. Seja qual for o tipo de batata-doce, ela é um alimento típico da culinária regional brasileira. Sua história tem os pés fincados na América Latina. Ela surgiu na região da Cordilheira dos Andes e era plantada nas roças dos índios muito antes da chegada dos portugueses.

Da espécie dos tubérculos, a batata-doce também é muito conhecida nas mesas das famílias japonesas. Desde a época da invasão dos europeus às Américas, o alimento foi um dos transportados para a Europa e, de lá, chegou ao Japão.

Rapidamente, a espécie foi se propagando pela ilha e ajudou a combater a fome em momentos de crise econômica e social. Isso porque uma das características do alimento é seu fácil cultivo.

"Os tubérculos são alimentos fáceis de serem produzidos. Inclusive, a gente pode produzir em casa. Se tenho um quintal pequeno, quando tem uma batata doce plantada eu vou lá daqui quatro, cinco meses, e estou colhendo as minhas batatas-doces", explica a nutricionista e educadora Etel Matielo.

Mas não é apenas pela facilidade do cultivo que chama a atenção na batata-doce. O alimento também é rico em nutrientes.

"É um alimento rico em carboidratos, mas não são carboidratos simples, como por exemplo do arroz branco, ou do trigo. A gente chama os carboidratos dos tubérculos, como a batata doce, a mandioca ou a macaxeira, de carboidratos complexos", conta. Diferentes dos tradicionais, os carboidratos complexos são absorvidos pelo intestino de forma mais lenta, promovendo maior saciedade.

Comparada à batata comum, a batata-doce também tem maior quantidade de fibras e possui um conjunto de vitaminas, em especial a A e a C. "Quanto mais amarelo o alimento, mais vitamina A vai ter, e ela também é antioxidante, promove um benefício para as nossas células, é como se ela as ajudasse a não envelhecerem", explica Matielo.

As batatas-doces roxa e avermelhada, assim como outros alimentos com essa coloração, como é o caso da berinjela, também possuem antocianinas, pigmentos que atuam como antioxidantes e ajudam a proteger as células do sistema nervoso contra a degeneração.

Resgate dos alimentos tradicionais

O alimento é presença constante nos pratos da população brasileira, em especial aquela que vive no campo. O mais comum é comê-lo assado ou cozido, mas Matielo também dá outra dica.

"Uma outra forma legal da batata doce é fazer os chips de batata doce, e é bem simples de fazer. Podemos fazer fatiando bem fininha a batata doce, misturar temperos, como por exemplo orégano, manjericão - de preferência frescos - unta uma forma, coloca ela e assa. A gente já testou essa receita e fica bem gostosa", indica a nutricionista.

Mesmo sendo um alimento milenar, a batata-doce tem ganhado destaque nos últimos tempos, em especial entre aqueles que são assíduos nos exercícios físicos. Matielo defende que isso é importante, mas principalmente ao pensar que um alimento típico brasileiro está sendo reconhecido.

"Agora tem um modismo da batata doce para quem pratica atividade física, quem quer emagrecer. Mas, na verdade, o que a gente precisa é resgatar os alimentos que são tradicionais brasileiros. Nos últimos 200 anos, vem se industrializando muito a alimentação e a gente come cada vez mais alimentos refinados. Refinado não é chique, é ruim", opina.

"Chamamos esses alimentos de calorias vazias. Eles enchem a nossa barriga de calorias, mas não tem outros nutrientes, ao contrário dos tubérculos todos que existem no Brasil: a batata doce, a batata inglesa", completa.

Além da polpa, também é possível aproveitar as folhas ou brotos de batata-doce, que podem ser consumidos refogados, empanados ou em sopas.

Edição: Michele Carvalho