Rio de Janeiro

PROCESSO

Alerj autoriza abertura de impeachment de Pezão dois anos depois do primeiro pedido

Governador foi preso sob acusação de integrar núcleo político que cometeu crimes como lavagem de dinheiro e corrupção

Rio de Janeiro |
Pezão foi preso no Palácio Guanabara, residência e sede oficial do governo
Pezão foi preso no Palácio Guanabara, residência e sede oficial do governo - Carl de Souza/AFP

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aceitou na última terça-feira (4) um pedido da bancada do Psol para abrir processo de impeachment do governador Luiz Fernando Pezão (MDB), preso na semana passada. A Casa Legislativa só aceitou abrir o processo quase dois anos depois de o Psol protocolar o pedido e a menos de um mês do fim do governo.

Pezão foi preso na última quinta-feira (29), no Palácio Guanabara, por ser acusado de integrar um núcleo político que cometeu crimes como lavagem de dinheiro e corrupção. 

Como Pezão é chefe do Poder Executivo estadual, a prisão precisou de autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A chefe do Ministério Público Federal (MPF), a procuradora-geral Raquel Dodge, disse que os crimes continuavam sendo praticados e atrapalham a investigação, o que justificou a prisão. 

Segundo a Polícia Federal e o MPF, Pezão teria recebido entre 2007 e 2015 aproximadamente R$ 25 milhões em contratos firmados com grandes construtoras. Além dele, foram presos o secretário de Obras, José Iran Peixoto Jr., o secretário de Governo, Affonso Henriques Monnerat, o sobrinho de Pezão, Marcelo Santos Amorim. 

Pezão já foi condenado pela opinião pública, diz pesquisador 

Organizador do livro “Operação Lava Jato e a democracia brasileira” e pesquisador da Casa de Rui Barbosa (FCRB), o cientista político Fábio Kerche disse em entrevista ao Brasil de Fato que chama a atenção a forma como se deu a prisão de Pezão. Ele critica o atropelamento de julgamentos. 

“São prisões espetaculares, feitas de manhã cedo, com imprensa sabendo bem antes e acompanhando tudo. Mesmo se no futuro esses acusados forem considerados inocentes, a imagem pública já foi arranhada, o que também traz consequências para os pilares da democracia”, comentou Kerche. 

O cientista político explicou, ainda, que essa estratégia de punir antes do julgamento final é um comportamento do Ministério Público desde meados de 1990. “É parte da estratégia fazer a denúncia, ter a condenação pública da pessoa, mesmo sabendo que mais adiante o julgamento mostrará o contrário”. 

Edição: Mariana Pitasse