Pernambuco

DIREITOS HUMANOS

Editorial | Direito à vida digna está ameaçado

O Papa Francisco já anunciava: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direito”

Brasil de Fato | Recife (PE) |
No Brasil, mais de 4 milhões de famílias camponesas não têm direito a um pedaço de terra
No Brasil, mais de 4 milhões de famílias camponesas não têm direito a um pedaço de terra - Ribs

Morar, trabalhar, produzir é tão essencial quanto comer, beber, vestir, respirar... São, todas essas, necessidades básicas de todo ser humano. No Brasil, tanto nas cidades quanto no campo, nem todos têm uma casa adequada para viver com dignidade. No nosso país, apesar de tão territorialmente extenso, mais de 4 milhões de famílias camponesas não têm direito a um pedaço de terra. Além disso, apesar de ser um país rico, mais de 12,4 milhões de brasileiros não têm emprego.
O golpe fez o Brasil desmoronar, é o que mostram os números do ano passado, segundo os dados divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sobre a renda da população, estamos em queda livre, as condições de vida da população estão cada dia piores. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) de 2016 para 2017, aumentaram os números de pobres e de extremamente pobres no Brasil. Também números baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostra que o Brasil se tornou mais pobre e mais desigual nos últimos anos. A severa crise na economia, e as políticas que cortam programas sociais e favorecem os mais ricos, afetaram diretamente a renda do trabalhador. Os dados aqui apresentados falam de Pobreza e extrema pobreza, valores definidos pelo banco mundial.  Pobreza: Pessoas que vivem com menos de US$ 5,50 por dia, cerca de R$ 633,00 por mês. Extrema pobreza: pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia, cerca de R$ 218,00 por mês.
Outro mal da desigualdade brasileira é a concentração de terras.  Segundo o censo agropecuário de 2017, no Brasil ela também aumentou,  entre os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares, houve aumento tanto em número, (mais 3.287 estabelecimentos) quanto em hectares (mais 16,3 milhões), passando de 45% para 47,5% a participação na área  total entre 2006 para 2017, somado a isso, o financiamento e outros recursos agrícolas mantêm os benefícios e valores gerados nas mãos de poucos. A desigualdade é um assunto multidimensional que segura as pessoas na pobreza e compromete o desenvolvimento de todo o campo de brasileiro.
Resta ao povo se organizar e lutar. O direito à terra, trabalho, moradia, alimentação, educação, cultura, ou seja, o direito de vida digna, só será garantido com luta e organização do povo.  Por isso,  seguimos inspirados nas palavras do Papa Francisco:   “Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”, declarou, perante trabalhadores precários e da economia informal, migrantes, indígenas, sem-terra e pessoas que perderam a sua habitação.

Edição: Marcos Barbosa