Minas Gerais

Opinião

Editorial | O fim da aposentadoria

As vidas de 51 milhões de brasileiros estão sendo vistas como mercadoria

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Futuro governo federal está criando obstáculos para impedir o acesso da classe trabalhadora a seu descanso digno
Futuro governo federal está criando obstáculos para impedir o acesso da classe trabalhadora a seu descanso digno - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A tão prometida Reforma da Previdência pode ser utilizada com um bom recorte para compreender a relação que o atual e futuro governo federal tem com seu povo, a quem, teoricamente, deveriam servir para garantir sua vida e seu bem-estar. A lógica da mídia burguesa e golpista tem se utilizado da assertiva que diz: “a repetição leva à convicção”. De tanto insistirem que existe um grande rombo no nosso Sistema de Seguridade Social e que só existe um único jeito de resolvê-lo, esta premissa já nos tem parecido como verdadeira, ainda que não seja.
Contas matemáticas das mais simples comprovam que os recursos que entram para as Políticas de Assistência Social, Saúde e Previdência são maiores que sua saída atualmente. Outra questão simples é que as grandes empresas e que os possuidores de grandes fortunas devem pagar o que devem. Porém, para se considerar que o combate à sonegação ou a diminuição da desoneração, além do próprio fomento à geração de empregos seriam as melhores saídas, tais governos precisariam de um valor essencial que não tem demonstrado em discursos e práticas: compromisso com o desenvolvimento do país e com a vida do seu povo.
Escolher entre um modelo de seguridade considerado como um regime de solidariedade e outro que entende a proteção social como um produto a ser vendido e administrado individualmente, passa por uma decisão de como representantes do estado desejam ver o envelhecimento de seus trabalhadores e trabalhadoras. Dignidade e proteção ou abandono e negligência? 
Estão querendo impedir o acesso da classe trabalhadora a aposentadoria
51 milhões de brasileiras e brasileiros que trabalham a maior parte do tempo de suas vidas estão correndo risco de se transformar em mercadoria.
O futuro governo federal promete levar à votação uma solução que, em nome da suposta neutralidade e da melhor administração, ignora e aprofunda desigualdades entre homens e mulheres na sociedade e no mundo do trabalho; uma proposta que desmonta o percurso conquistado desde o processo de redemocratização e construção da Constituição de 1988. Esta deforma da Previdência ignora a razão desta política existir e se inspira em experiências fracassadas e inadequadas para nosso contexto. 
Estão na verdade criando obstáculos para impedir o acesso da classe trabalhadora a seu descanso digno, apontando novas regras que deixam a morte se aproximar de forma muito mais ofensiva que o frágil direito à aposentadoria.
 

Edição: Elis Almeida