Rio de Janeiro

AGROECOLOGIA

Trabalhadores rurais contam sobre a importância da Feira da Reforma Agrária, no Rio

Toda organização do evento, que neste ano comercializa cerca de 150 toneladas de alimentos, é feita pelos trabalhadores

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
A 10ª edição da Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes está movimentando o Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro
A 10ª edição da Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes está movimentando o Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro - Comunicação MST

A 10ª edição da Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes está movimentando o Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro, desde a última segunda-feira (10), com atividades culturais e comercialização de mais de 150 toneladas de produtos agroecológicos de assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Toda organização do evento, que encerra nesta quarta-feira (12) só é possível por conta dos trabalhadores rurais que a estruturam. Como é o caso do agricultor Maguiessi Vieira, que há mais de 14 anos é morador do Assentamento Florestan Fernandes, localizado no Espírito Santo. Ele já participou de seis edições das feiras organizadas pelo MST e, desta vez, trouxe geleias e licores, alguns dos produtos do coletivo de mulheres “As Camponesas”, que tem como selo “Terra de Sabores”.

“É importante mostrar para o povo que tem outras maneiras de vender produto, sem conservantes. Tudo aqui é feito com produtos naturais, além de ser medicinal”, explica ao mesmo tempo em que sorri mostrando uma folha de menta nas mãos.

Enquanto corta e lava mandioca, exposta na sua barraquinha da feira, Jorgina Leopoldino da Silva, do Assentamento Osvaldo Oliveira, localizado em Macaé, no norte do estado Rio, também destaca a importância da feira para os trabalhadores rurais.

“Essa é uma das poucas oportunidades que assentados e acampados têm de mostrar os produtos sem veneno que produzem. Para além de falar, é momento de mostrar a reforma agrária e entender a conjuntura”, avalia.

Para Jorgina Leopoldino da Silva, do Assentamento Osvaldo Oliveira, a feira é uma das poucas oportunidades que assentados e acampados têm de mostrar os produtos sem veneno/ FOTO: Comunicação MST

Já a trabalhadora rural Ana Alves Viana complementa que estar na feira é poder realizar a troca com o consumidor diretamente. “Com a nossa feira não precisamos de atravessadores, que compram a preço barato e vendem caro”, destaca a moradora do Assentamento Dandara dos Palmares, em Campos, no Rio.

Expondo um dos produtos mais baratos da feira, os quatro abacaxis por R$ 10, Cleber Almeida da Silva, do Assentamento Zumbi dos Palmares, que fica entre os municípios de Campos dos Goytacazes e São Francisco de Itabapoana, no Rio de Janeiro, explica que a fruta é mais doce porque não tem veneno na sua produção. Para ele, a feira é muito importante, principalmente, porque o povo pode conhecer alimentos como os que ele produz, sem agrotóxico.

“Ainda temos muitos desafios para conseguir comercializar os nossos produtos. Também é pouco que seja uma vez por ano. O ideal seria ter três feiras por ano”, avalia.

Financiamento coletivo

A Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes vai até esta quarta-feira (12), no Largo da Carioca, no centro do Rio. Neste ano, a iniciativa está ocorrendo de maneira independente, sem apoio governamental. Por conta disso, o MST lançou uma campanha de financiamento coletivo, orçada em R$ 17 mil. AS doações são a partir de R$ 10 e podem ser feitas pelo site catarse.me.

Edição: Eduardo Miranda