Ameaça

“A lei não pode permitir que grupos violentos dominem a vida das pessoas”, diz Freixo

Deputado convocou uma coletiva de imprensa para comentar a descoberta de planos para assassiná-lo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
 Na semana em que a CPI das Milícias completou dez anos, Freixo sofreu nova ameaça de morte
Na semana em que a CPI das Milícias completou dez anos, Freixo sofreu nova ameaça de morte - Alerj

A cultura da violência e o discurso raso que contrapõe as políticas de segurança pública e a defesa dos Direitos Humanos foram apontadas como sendo componentes do atual cenário do Rio de Janeiro de crise profunda, tanto para a política, como para a própria democracia, de acordo com o deputado Marcelo Freixo. Ele falou durante uma coletiva de imprensa, na tarde desta sexta-feira (14), na sede da Assembleia Legislativa.

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A fala do deputado, que convocou a imprensa para comentar a ameaça de morte que sofreu esta semana, abordou também os desdobramentos do assassinato da vereadora Marielle Franco, no início deste ano, e também os dez anos da CPI das Milícias, no dia 10 de dezembro.

“A gente teve dezenas de ameaças ao longo desses dez anos. Ameaças que vêm de origens muito distintas, todas oficialmente comunicadas pela Secretaria de Segurança como foi essa”, disse o deputado.

Freixo destacou também a força e o tamanho dos grupos criminosos que atuam no Estado.

“É inadmissível acreditar num Rio de Janeiro onde uma vereadora é brutalmente assassinada sem que o crime tenha sido esclarecido, exista um grupo criminoso dominando uma quantidade tão grande de territórios, capaz de matar, capaz de ameaçar e de explorar uma quantidade tão grande de gente”, disse.

Para Freixo, a situação chegou neste ponto por conta da falta de articulação e aprofundamento de ideias dentro do Poder Público.

“Isso é resultado de uma segurança pública que entende que Direitos Humanos é uma outra coisa. É uma coisa que atrapalha a segurança pública. Essa cultura da guerra, que opõe Direitos Humanos e segurança pública faz com que a gente tenha uma quantidade enorme de defensores de direitos humanos, sejam autoridades públicas ou não, ameaçados ou mortos. E tem também, ao mesmo tempo, um número enorme de policiais mortos. Isso precisa acabar”, disse.

O deputado aproveitou a coletiva para, mais uma vez, derrubar um dos mitos que envolvem a atuação dos defensores de direitos humanos.

“Defensor de Direitos Humanos não é defensor de bandido, pelo contrário, os bandidos querem matar os defensores de Direitos Humanos. Defensores de Direitos Humanos defendem a Lei. E a lei não pode permitir que um grupo tão perigoso, tão violento, domine a vida das pessoas”, comentou.

O plano dos criminosos, segundo o que apurou a polícia, era assassinar o deputado amanhã, no sábado, durante uma agenda em Campo Grande, no interior do Estado.  

Edição: Tayguara Ribeiro