Minas Gerais

Opinião

Editorial | Fim de ano e solidariedade pelo Brasil sem fome

O retrato social demonstrado pelos dados do IBGE é tenebroso. Todos os indicadores sociais tiveram pioras significativas

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Em um ano, de 2016 a 2017, o Brasil passou a contar com quase 2 milhões de pessoas a mais vivendo em condições de pobreza
Em um ano, de 2016 a 2017, o Brasil passou a contar com quase 2 milhões de pessoas a mais vivendo em condições de pobreza - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou, na semana passada, os dados da Síntese de Indicadores Sociais 2018, um estudo que compreende um conjunto de informações sobre a realidade social do país. 
O retrato social demonstrado pelos dados do IBGE é tenebroso. Todos os indicadores sociais tiveram pioras significativas. Em um ano, de 2016 a 2017, o Brasil passou a contar com quase 2 milhões de pessoas a mais vivendo em condições de pobreza, ou seja, com uma renda mensal inferior a R$ 406. O relatório aponta que ao final de 2017, 26,5% da população brasileira vivia em condição de pobreza.
Da mesma forma, a pobreza extrema cresceu em patamar semelhante. De acordo com a pesquisa, a população em condição de extrema pobreza, isto é, que vive com uma renda mensal inferior a R$ 190, aumentou em 13% chegando a 15,3 milhões de brasileiros. 
É chegado o fim de ano e o espírito natalino vai, aos poucos, tomando conta das casas, ruas e comunidades. São muitos os gestos de solidariedade empreendidos nesse período e, infelizmente, nossa realidade tem imposto a necessidade de retomar as campanhas de natal sem fome em várias regiões do país. O Brasil, que desde 2014 tinha saído do mapa da fome organizado pela ONU, corre o risco de retornar à lista de países que possuem parcela significativa da população que ingere uma quantidade diária de calorias inferior ao recomendado.
Direitos conquistados versus programa neoliberal
Essa realidade de aumento da pobreza, de ampliação da população vivendo em condições de extrema precariedade e a retomada da fome em nosso país é fruto da adoção do programa neoliberal, privatizante e antipopular perpetrado pelo golpe. Os direitos trabalhistas e sociais conquistados a partir da luta histórica do povo brasileiro estão sendo retirados diariamente. Com o programa anunciado por Bolsonaro e sua equipe, esses indicadores sociais tendem a piorar, e agora, com uma face ainda mais agressiva, através da perseguição e criminalização daqueles que lutam pelos direitos do povo. 
Ao que parece, em plena semana de comemoração dos 70 anos da carta dos Direitos Humanos, não há muito o que celebrar. Importante sempre lembrarmos que direito não se doa e nem se recebe de braços cruzados, direitos se conquistam. E é somente através de informação, com formação e luta organizada que conseguiremos virar essa maré e recolocar o Brasil nos trilhos de um projeto soberano, justo e popular.

Edição: Elis Almeida