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Saiba quanto você perdeu por cobrança abusiva da passagem de ônibus

Cálculo aponta tarifa de R$3,45, incluindo custos com cobradores

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Empresas de ônibus teriam faturado, só em 2017, cerca de R$ 179 milhões adicionais de maneira abusiva
Empresas de ônibus teriam faturado, só em 2017, cerca de R$ 179 milhões adicionais de maneira abusiva - Foto: PBH

Se você toma ônibus todos os dias em BH, você perdeu muito dinheiro pagando passagens caras. É o que aponta o Movimento Tarifa Zero, que criou um site mostrando o cálculo do preço que a passagem deveria ter. O cálculo tomou como base uma metodologia empregada em outras cidades e utilizada em BH até 2007: a GEIPOT. Por esse critério, levando em conta as receitas e despesas reais das empresas, incluindo cobradores, a passagem deveria custar R$ 3,45, e não os atuais R$ 4,05.

Ao praticarem uma tarifa R$ 0,60 mais cara (15% a mais), as empresas de ônibus teriam faturado, só em 2017, cerca de R$ 179 milhões adicionais de maneira abusiva. “Para se ter uma ideia, a CBTU [Companhia Brasileira de Trens Urbanos], que transporta muito mais pessoas, em cinco capitais, não levantou esse valor em receitas tarifárias”, afirma Annie Oviedo, integrante do movimento Tarifa Zero, em evento que lançou o site, na terça-feira (18).

No site, o movimento disponibilizou uma calculadora para contabilizar quanto o usuário gasta a mais, por ano, pagando uma tarifa superior à indicada na metodologia GEIPOT. Uma pessoa que pega, em média, dois ônibus por dia em BH, a preços atuais, perdeu R$ 438. Com essa mesma quantia, poderia comprar uma viagem de avião ao Rio de Janeiro, ida e volta.

A página criada pelo Tarifa Zero também apresenta a metodologia empregada no cálculo da tarifa, informações sobre receitas e gastos das empresas e uma análise técnica do sistema de transporte coletivo da capital mineira. Confira: vocepodepagarmenos.com.br.

Contrato em questão

Em 2008, durante a gestão do então prefeito Fernando Pimentel (PT), entrou em vigor um novo contrato, concedendo o direito de operar o serviço na capital a 40 empresas, em quatro diferentes consórcios, por 20 anos. Essas empresas passaram a controlar diretamente, sem intermediação da Prefeitura, o dinheiro pago pelos usuários. Antes, o recurso era recolhido pela BHTrans, empresa de economia mista que regula o transporte de BH, e depois repassado às concessionárias.

O contrato também estabeleceu uma nova regra para reajustar a passagem, a “paramétrica”, diferente da GEIPOT. A nova regra aumenta a tarifa anualmente com base em alguns índices, como o preço do diesel, rodagem, veículos, impostos, mão de obra e despesas administrativas. Desde então, houve 10 reajustes, passando de R$ 1,90 aos atuais R$ 4,05. Esse critério, segundo o movimento Tarifa Zero, não verifica o que as empresas realmente gastam e não permite reduzir o preço da passagem quando os custos diminuem.

 “Em dez anos, a tarifa só caiu só uma vez, em 2013. E só caiu porque houve mobilizações Naquele mesmo ano, houve desonerações para as empresas e elas não repassaram para a tarifa. Desde então, essa diminuição foi mais do que recuperada”, relata Annie Oviedo, do Tarifa Zero.

Edição: Joana Tavares