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LEVANTAMENTO

Ipea lança pesquisa sobre estrutura do funcionalismo público no Brasil

"Atlas do Estado Brasileiro" apresenta dados de forma simples dos últimos 20 anos em uma única plataforma

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
"No período mais recente que a economia cresceu muito, o funcionalismo público cresceu menos", diz pesquisador do Ipea
"No período mais recente que a economia cresceu muito, o funcionalismo público cresceu menos", diz pesquisador do Ipea - Pedro França/Agência Senado

O Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) lançou esta semana um estudo com dados sobre o funcionalismo público no Brasil reunidos em uma só plataforma. O “Atlas do Estado Brasileiro” traz uma análise multidimensional da burocracia pública brasileira em duas décadas, de 1995 a 2016. A pesquisa vem qualificar o debate público sobre o tema e apresenta dados a partir de fontes originais dos governos de forma simples e acessível.

Ocupam cargos públicos no Brasil, 11 milhões e 500 mil pessoas, custando cerca de R$ 725 milhões aos cofres públicos. O Atlas faz um recorte de vários tipos de despesa nas esferas estadual, federal e municipal. E também dos poderes legislativo, executivo e judiciário.

Em entrevista concedida à apresentadora Denise Viola, no Programa Brasil de Fato RJ, Erivelton Pires Guedes, pesquisador do Ipea e um dos coordenadores da pesquisa, explica que existe um pensamento de que o funcionalismo público brasileiro é inchado. Mas segundo ele, o crescimento acompanhou a economia e o Produto Interno Bruto (PIB) do país ao longo dos anos. 

“Nesse período mais recente que a economia cresceu muito, o funcionalismo público cresceu menos. A quantidade de funcionários é mais ou menos um crescimento proporcional ao da população, do PIB, da receita líquida dos estados e da união. A sociedade aumentou a demanda por serviços. Outra coisa importante é que o crescimento maior se deu nos municípios, que são justamente onde a população mais precisa de serviços, principalmente médicos e de educação”, diz o pesquisador.

Por enquanto, a pesquisa divulgou os resultados do país inteiro e por estados. Na próxima fase, o estudo vai apresentar os recortes detalhados também por município, escolas e hospitais. 

Desigualdade de gênero

O “Atlas do Estado” constatou que a diferença salarial entre homens e mulheres no funcionalismo público tem diminuído: caiu de 22% para em torno de 13% nos últimos 20 anos.

“No serviço público, os concursos têm salários rigorosamente idênticos para os mesmos cargos. O que a gente acredita que acontece é que as mulheres ocupam funções de salários mais baixos do que os homens”, afirma.

Guedes ressalta que a desigualdade entre os gêneros no serviço público ainda é muito inferior do que a realidade no setor privado, por exemplo, e espera que nos próximos anos reduza ainda mais.

Ele também comenta sobre as mudanças na escolaridade e qualificação dos profissionais públicos no período de 1995 a 2016, e atenta para a terceirização de algumas funções.  

“Pode-se dizer que praticamente dobrou as pessoas com curso superior. Isso é uma pendência porque os governos estão terceirizando as funções de menor remuneração. Então acabam ficando os profissionais mais especializados”, conclui.

Edição: Mariana Pitasse