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Bolsonaro ignora denúncia de caixa 2 e prega combate a "ideologias nefastas" na posse

O presidente eleito tomou posse em jornada cerimonial realizada em Brasília, nesta terça-feira (1)

Brasil de Fato | São Paulo |

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O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado da primeira dama, Michelle Bolsonaro e o agora ex-presidente Michel Temer.
O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado da primeira dama, Michelle Bolsonaro e o agora ex-presidente Michel Temer. - Evaristo Sá/AFP

Após receber a faixa presidencial das mãos do agora ex-presidente, Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) fez o “discurso à nação” do parlatório do Palácio do Planalto. O presidente prometeu “restabelecer a ordem no país” e afirmou que vai combater a “ideologização das crianças” e a "desvirtuação dos Direitos Humanos". 

Ignorando as acusações de abuso de poder econômico para a contratação de empresas de impulsionamento de notícias falsas durante as eleições, Bolsonaro falou que realizou “a campanha mais barata da história". 

Embora tenha afirmado respeito ao Estado democrático de direito, ele ressaltou em seu discurso o combate às “ideologias nefastas”. “Me coloco diante da nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se liberar do socialismo”, afirmou. 

Mesmo após haver desconvidado presidentes de países latino-americanos para a cerimônia de posse por razões ideológicas, Bolsonaro defendeu uma política externa sem “viés ideológico”. “Temos que nos espelhar em países que são exemplos. Vamos retirar o viés ideológico das nossas relações internacionais. Vamos em busca de um novo tempo para o Brasil e dos brasileiros”. 

Ao final do discurso, o presidente rompeu o protocolo, voltou ao microfone de mãos dadas com o vice-presidente Hamilton Mourão e afirmou que “a bandeira do Brasil só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela”. 

Cerimônia no Congresso Nacional

Antes, logo após assinar o termo de posse no plenário da Câmara dos Deputados, onde atuou como deputado por 27 anos, Bolsonaro fez o primeiro discurso como presidente a congressistas.

Estavam presentes, em sua maioria, deputados e senadores brancos, das bancadas evangélica e ruralista. PT, PSOL e PCdoB decidiram não participar do momento por entenderem que o boicote é “ato de resistência e protesto político” por conta dos “discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação” do presidente eleito.

Também acompanharam o discurso o presidente do Senado, Eunício Oliveira; o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; os ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor de Mello; o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli; e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Jair Bolsonaro ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em cerimônia no Congresso Nacional. Foto: Nelson Almeida/AFP

O presidente reafirmou compromisso com “reformas estruturantes”, principalmente em referência à reforma da Previdência, medida impopular que o ex-presidente Michel Temer (MDB) não conseguiu encaminhar nos seus dois anos de gestão.

O capitão reformado afirmou que a medida será essencial para a sustentabilidade das contas públicas e prometeu que o Estado não gastará mais do que arrecada. “Montamos nossa equipe de forma técnica, sem o viés político que tornou o Estado ineficiente”, disse. 

Em sua fala, Bolsonaro afirmou que vai libertar o país do “jugo da corrupção, criminalidade, irresponsabilidade econômica e submissão ideológica” e prometeu uma sociedade “sem discriminação e divisão”.

“Vamos unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de gênero conservando nossos valores, o Brasil voltará a ser um país livre das amarras ideológicas”, disse o presidente, que também afirmou que a educação vai preparar os alunos para “o mercado de trabalho e não para a militância política”.

Bolsonaro também voltou a defender a liberação da posse de armas de fogo e afirmou que “cidadãos de bem merecem ter o direito de se defender”.

Edição: Nina Fideles