REPERCUSSÃO

Imprensa internacional ressalta caráter ultradireitista da posse de Bolsonaro

Jornais estrangeiros demonstraram preocupação e fizeram perfis extensos do político "mais à direita" da América Latina

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Bolsonaro recebe a faixa presidencial de Michel Temer (MDB)
Bolsonaro recebe a faixa presidencial de Michel Temer (MDB) - Valter Campanato | Agência Brasil

A posse presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), nesta terça-feira (1), foi repercutida pelos principais jornais do mundo. As primeiras notícias que ganharam o dia destacaram o fato de membros da imprensa chinesa e francesa terem deixado a cobertura do evento após tratamento hostil da assessoria de comunicação do político de extrema direita.

O jornal inglês The Guardian classificou a posse de Bolsonaro como “o dia que milhões de progressistas brasileiros assistiram com pavor”. A publicação expressou preocupação com as declarações sobre meio ambiente do político, chamando-o de “sem sentido e beligerante”, e ainda criticou a postura sobre política externa do futuro governo.

O argentino La Nación destacou a presença de lideranças internacionais conservadoras e a declaração em que Bolsonaro diz: “vamos unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e nossas tradições judaico-cristãs, combater a ideologia de gênero, conservando nossos valores. O Brasil voltará a ser um país livre das amarras ideológicas”.

A Telesur, canal multiestatal sediado na Venezuela, trouxe análises e reflexões sobre a posse de Bolsonaro. A matéria citou seu jornalista Nacho Lemus, que afirmou: “A tradução prática do discurso de posse de Bolsonaro: Lei da mordaça nas escolas, liberação do porte de armas, reforma da Previdência, austeridade, privatizações e apoio ao agronegócio".

O francês Liberatión destacou a parte do discurso em que o ultradireitista afirma a necessidade “de criar um círculo virtuoso para a economia, dando confiança, necessária para abrir nossos mercados ao comércio internacional, estimulando a concorrência, a produtividade e a eficácia, sem orientação ideológica”.

Um dos primeiros líderes a enviar saudações ao presidente, apesar de não ter comparecido à posse, foi Donald J. Trump, que enviou congratulações pelo Twitter e disse que Bolsonaro “fez um grande discurso inaugural - os EUA estão com você!” e foi respondido quase imediatamente pela equipe de mídias sociais do presidente. “Juntos, sob a proteção de deus, traremos progresso e prosperidade para nossos países”, respondeu, também pela rede social.

O tradicional jornal estadunidense Washington Post afirmou acreditar que a vitória de Bolsonaro “leva a maior nação da América do Sul para uma nova direção, adotando uma política linha dura contra o crime, permitindo que cidadãos se armem e promovendo desenvolvimento na frágil Amazônia". Segundo a reportagem, é o político mais à direita eleito no continente nos últimos 50 anos e o caracteriza como “um ardente apoiador do regime militar”.

O mexicano La Jornada qualifica Bolsonaro como ultradireitista.  O jornal afirma que Bolsonaro é “um nostálgico da ditadura militar, com um histórico de arroubos misóginos, racistas, homofóbicos, que assume as rendas da maior potência latino-americana, com seus 209 milhões de habitantes”.

Edição: Mauro Ramos