Pleito histórico

Líder da oposição, Tshisekedi vence eleição na República Democrática do Congo

Comissão anunciou resultado provisório após dois anos de atraso no pleito; presidente atual está no poder há 18 anos

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Felix Tshisekedi acompanhado da mulher, de familiares e apoiadores pouco depois de ser anunciado o resultado provisório da eleição congolesa
Felix Tshisekedi acompanhado da mulher, de familiares e apoiadores pouco depois de ser anunciado o resultado provisório da eleição congolesa - Foto: Caroline Thirion/AFP

Com mais de 7 milhões de votos, o líder da oposição Félix Tshisekedi foi anunciado nesta quinta-feira (10) como vencedor da eleição presidencial na República Democrática do Congo pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (Ceni) do país. A vitória de Tshisekedi acontece depois de dois anos de incertezas e atrasos na realização do pleito, desde que o presidente Joseph Kabila, no poder há quase 18 anos, terminou seu segundo mandato em dezembro de 2016.

Tshisekedi conquistou 38,57% dos votos válidos. Outro representante da oposição, Martin Fayulu, da coalizão Lamuka, foi escolhido por 6,3 milhões dos eleitores (34,83%), enquanto o candidato do atual presidente Joseph Kabila, o ex-ministro do Interior Emmanuel Shadary, obteve 4,3 milhões de votos (23,84%).

O pleito foi realizado no dia 30 de dezembro e contou com a participação 18 milhões de congoleses – 47,56% dos eleitores aptos a votar.

Líder da União pelo Progresso e o Desenvolvimento Social (UPDS), Tshisekedi recebeu a notícia da vitória em Limete, distrito de Kinshasa, onde milhares de apoiadores do candidato só conseguiram votar duas horas antes do fechamento das urnas por falta de listas eleitorais.

Ao saber do resultado, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez um apelo para que todos os lados evitem a violência e resolvam as disputas eleitorais pelos mecanismos institucionais.

Guterres, por meio de porta-voz, expressou a esperança de que a Ceni, o Tribunal Constitucional, o governo, os partidos políticos e a sociedade civil garantam a manutenção da estabilidade política e institucional do país da África Central.

Martin Fayulu, o segundo colocado no pleito, anunciou que não reconhecia os resultados eleitorais, afirmando que os números anunciados pela Ceni “não tem nada a ver com a verdade das pesquisas”.

“Todos juntos, digamos ‘não’ à manipulação dos resultados e ‘não’ à morosidade eleitoral. A todos aqueles que estão conscientes da verdade das urnas, principalmente a [Conferência] Episcopal Nacional do Congo [Cenco] e a Igreja de Cristo no Congo [ECC], através de suas observações históricas, pedimos que revelem ao povo congolês e ao mundo inteiro o nome da pessoa que realmente personifica a eleição do nosso povo”, declarou.

Diante das declarações de Fayulu, o vencedor das eleições prometeu que será “o presidente de todos os congoleses”. “Não serei o presidente de um partido político o UDPS, nem de um povo, o luba. Serei o presidente de todos os congoleses e congolesas”, afirmou Tshisekedi.

A jornada eleitoral foi precedida por protestos violentos depois que a Ceni cancelou a votação em várias regiões em função de surtos de ebola e atividades de grupos insurgentes.

*Com informações de EFE, AFP e Sputnik

Edição: teleSUR