MEMÓRIA

Martin Luther King completaria 90 anos nesta terça-feira (15)

Ativista, vencedor do Nobel e defensor dos direitos do povo negro dedicou sua vida ao fim da segregação racial

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Martin Luther King, em foto colorizada, durante seu mais famoso discurso
Martin Luther King, em foto colorizada, durante seu mais famoso discurso - Duluth Times via Wikimedia Commons

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Um dos mais importantes líderes dos movimento negro e da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, o ativista Martin Luther King, completaria, nesta terça-feira (15), 90 anos. Nascido em Atlanta, Geórgia, no ano de 1929, King seguiu os passos dos pais e avós, pastores da Igreja Batista, e se tornou uma referência na cidade de Montgomery, Alabama..

Ciente das violências as quais os negros de seu país eram submetidos por leis racistas, especialmente na região Sul, e inspirado na teoria da desobediência civil e também no conceito de não-violência de Mahatma Gandhi, em 1955, passou a se integrar na luta pelo reconhecimento dos direitos civis de seu povo, pedindo o fim da segregação racial e o direito ao voto, assim como melhores condições de vida.

Em 28 de agosto de 1963, Washington DC, capital estadunidense, recebia mais de 250 mil negros e negras de todo o país para a "Grande Marcha por Emprego e Liberdade", também chamada de "Marcha sobre Washington" ou "A Grande Marcha", ato convocado por organizações religiosas, sindicatos e movimentos populares pelos direitos civis da população negra dos Estados Unidos.

Até aquele momento, a última ação significativa do Estado estadunidense no sentido de garantir direitos à população negra do país havia ocorrido há um século, em 1865, após o fim da Guerra Civil entre confederações de estados do sul (escravista) e do norte (abolicionista): o fim do confronto, vencido pelo norte, tornou ilegal a escravidão, reconheceu como cidadãos os negros norte-americanos e garantiu o direito ao voto, ainda que parcial, aos homens negros.

O grande ato em Washington, fruto desse contexto, tornou-se pico da efervescência do movimento contra a segregação no seio do país mais rico do mundo. E foi nesse ato que o reverendo batista Martin Luther King, liderança e referência da resistência pacífica contra o racismo, proferiu seu discurso mais famoso: "Eu tenho um sonho", bordão repetido, por diversas vezes em sua fala, ao profetizar uma terra de liberdade e oportunidade em que "nossos filhos não serão julgados pela cor de suas peles, mas pelo conteúdo de seu caráter".

Por conta de sua luta, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 1964.

Adeus

Em 4 de abril de 1968, um dos líderes mais importantes do movimento por direitos civis se encontrava na sacada do 2º andar do Lorraine Motel em Memphis, Tennessee - hoje, um museu dedicado à sua história. Ele estava na cidade para apoiar a greve dos trabalhadores em serviços sanitários e ia jantar quando um projétil o atingiu no queixo e rompeu sua medula espinhal.

King foi declarado morto logo ao chegar no hospital local. Ele tinha apenas 39 anos.

No dia anterior, King tinha feito seu último discurso intitulado “Eu estive no topo da montanha”. Ele estava em Memphis para apoiar os lixeiros locais que estavam em greve há mais de duas semanas, reivindicando melhores salários e melhores condições de trabalho.

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“Nós precisamos nos entregar a essa luta até o fim. Nada seria mais trágico do que parar neste momento em Memphis. Quando fizermos nossa marcha, vocês precisam estar nela. Se isso significa deixar o trabalho, se isso significa deixar a escola: estejam lá. Cuide de seu irmão. Você talvez não esteja em greve. Mas, ou ascendemos juntos ou caímos juntos”, disse.

O líder da não-violência foi assassinado por um franco-atirador. Assim que a notícia se espalhou, a população saiu às ruas em várias cidades do país. A Guarda Nacional foi deslocada para Memphis e Washington.

Em 9 de abril, King foi enterrado em sua cidade natal, Atlanta. Dezenas de milhares de pessoas alinharam-se nas ruas para ver passar o ataúde colocado sobre uma simples carroça rural puxada por dois burros.

Edição: Brasil de Fato