Minas Gerais

Opinião

Editorial | Arregacemos as mangas: governo, de sacanagem, vem de fuleragem

Nossas armas são as palavras, o trabalho de base, a cultura, a alegria e a fé

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Não tenhamos medo. É preciso conhecer o inimigo, como ele se organiza, como se infiltra na cultura, como espalha suas ideias
Não tenhamos medo. É preciso conhecer o inimigo, como ele se organiza, como se infiltra na cultura, como espalha suas ideias - Foto: Giorgia Prates

Quem acompanha o Brasil de Fato já sabe do nosso posicionamento editorial e político: somos um veículo comprometido, desde a origem, com a luta pela redução das desigualdades, por mais direitos, pelo avanço e aprofundamento da democracia. Se defender esses valores significa ser de esquerda, então nos colocamos desse lado, junto aos movimentos populares, organizações políticas e pessoas que defendem um estado, um país e um mundo com mais justiça.
Não precisamos listar neste editorial o imenso rol de barbaridades que estão em marcha no país, desde o golpe de 2016 e ainda mais radicalizados com a eleição e posse de um governo de extrema direita que parece ter orgulho da própria estupidez. 
Sobre esses assuntos, nossos instrumentos de comunicação – página na internet, redes sociais, programas de rádio e as edições impressas, como este tabloide – seguem com o firme objetivo de denunciar cada passo dado no rumo da retirada de direitos, do avanço do conservadorismo. Assim como seguimos ainda mais convictos do nosso compromisso em trazer não só as lutas organizadas, mas também as opiniões e sentimentos das pessoas alijadas dos espaços de poder.
Não tenhamos medo
Em um período turbulento e doloroso como este, a tentação de embrenhar em disputas fraticidas pode crescer. Não caiamos neste poço. Precisamos reconhecer nossos erros: de análise, de prática, de comodismo, de ilusão, de descrença. Mas também precisamos saber fazer a leitura de correlação de forças e perceber que o avanço do capital – com seus contra-valores, como o egoísmo, o consumismo, a ignorância – se dá em todas as brechas da vida em sociedade, da economia ao modo de pensar.
Não tenhamos medo. É preciso conhecer o inimigo, como ele se organiza, como se infiltra na cultura, como espalha suas ideias, como nos oprime. Ele não é invencível. Enquanto espalha suas mentiras, sentimos no corpo os efeitos das suas perversidades. E o corpo reage ao que o mata.
É preciso recolocar na ordem do dia: trata-se de luta de classes. Se um lado está em ofensiva, o outro, o nosso, precisa reorganizar suas forças e preparar com todas as armas – as palavras, o trabalho de base, a cultura, a alegria, a fé – a contra-ofensiva. É trabalhoso, talvez lento, mas é o único processo que faz sentido em um momento como este.

Edição: Elis Almeida