PROTESTO

Frente Brasil Popular MG convoca ato para quinta-feira (31) no Memorial Minas Vale

Em plenária, parlamentares destacam importância de pressionar por CPI da mineração

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Protesto realizado durante plenária da Frente Brasil Popular
Protesto realizado durante plenária da Frente Brasil Popular - Frente Brasil Popular (MG)

Na noite desta segunda-feira (28), movimentos populares, organizações, partidos e pessoas interessadas em se solidarizar com as vítimas do crime da Vale, em Brumadinho (MG), se reuniram em plenária convocada pela Frente Brasil Popular Minas Gerais, em Belo Horizonte.

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Uma das propostas do encontro, que aconteceu no Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), foi realizar uma série de ações diretas para denunciar a responsabilidade da empresa em relação ao rompimento da barragem. A primeira, será um ato na porta da Vale, em Belo Horizonte. A concentração está agendada para 17h da quinta-feira (31), no Memorial Minas Vale, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.

Além de organizar as pessoas interessadas em se solidarizar em frentes – comunicação, saúde, transporte, agitação e propaganda, pesquisa e outras – a plenária sugeriu ainda que o dia 25 de fevereiro seja um dia de grande ato nacional. Outras datas – como o 8 e 14 de março – também serão marcadas por denúncias em relação ao crime da mineradora.

Vale controla informações

Na plenária, o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) afirmou que o total de desaparecidos em virtude do rompimento da barragem pode chegar na casa dos 640, mais do que o dobro do que tem sido informado pela Defesa Civil de Minas Gerais até o momento.

De acordo com Joceli Andreoli, da coordenação nacional do MAB, outras informações sobre a situação da região ainda estão sendo escondidas pela empresa. “Quanto custa uma vida? Para a Vale, nada”, disse. Segundo ele, o caso da mineradora mostra que “a prepotência do lucro predomina em Minas Gerais”.

Andrade também denunciou a influência da Vale na Justiça Federal, onde tramitam processos relativos ao rompimento de outra barragem de propriedade da mineradora, a de Fundão em Mariana, na região central do estado, ocorrido há três anos. Na ocasião foram 19 mortos e um aborto forçado.

“No trâmite do processo, o juiz se comportou como o advogado da Vale”, criticou o coordenador nacional do MAB.

Efeitos da privatização

A privatização da Vale pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1997, foi lembrada no evento por outros movimentos sociais como uma das possíveis causas do desastre da Mina do Feijão, na sexta-feira (25). “Sabemos que foi essa sede de lucro que causou o rompimento”, aponta Maria Júlia Andrade, coordenadora nacional do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM). Segundo ela, a culpa pelos últimos desastres não é somente da Vale, também do modelo de negócio da mineração no país.

Ainda no encontro, deputados federais presentes, como o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) e o petista Rogério Correia (MG), sinalizaram a criação no Congresso Nacional de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a atuação das mineradoras em âmbito nacional. Também estavam presentes os deputados federais Margarida Salomão e Patrus Ananias, as deputadas estaduais Leninha, Beatriz Cerqueira e Marília Campos, o vereador Arnaldo Godoy, além de militantes históricos de outras forças de esquerda, como o PCB.

CPI da mineração

Já no âmbito estadual, parlamentares se movimentam para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as empresas de mineração em Minas. Nesta terça-feira (29) uma reunião no auditório da Assembleia Legislativa de Minas irá debater a possibilidade de instalação de uma CPI já no início dos trabalhos legislativos, que começam na próxima sexta (1).

“Vamos construir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar, apurar e fiscalizar a atuação das mineradoras em nosso estado. Ela é constituída a requerimento assinado por 26 deputados e deputadas estaduais. É o que precisamos”, reforça a deputada estadual eleita Beatriz Cerqueira.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira