Minas Gerais

Opinião

Artigo | Meritocracia no olho dos outros é refresco

Indicação de amigo do presidente e a promoção do filho de Mourão simbolizam como a demagogia da eleição tem perna curta

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
No final das contas, se a "nova era" tinha como princípio a tão falada meritocracia, essa lógica já foi completamente desmascarada
No final das contas, se a "nova era" tinha como princípio a tão falada meritocracia, essa lógica já foi completamente desmascarada - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Em poucas semanas de governo já parece explícita a contradição entre o discurso e a prática de Jair Bolsonaro. O governo que acabaria com a tal “mamata”, em referência ao que era tratado como “aparelhamento do Estado” e “toma lá dá cá”, tratou de distribuir cargos a aliados e amigos por critérios não necessariamente considerados “meritocráticos” ou “técnicos”.

As indicações envolvendo um amigo pessoal do atual presidente para uma gerência da Petrobrás, assim como a decisão de promover o filho do vice-presidente, Hamilton Mourão, para o alto escalão do Banco do Brasil, simbolizam bem o quanto a demagogia do período eleitoral tem perna curta. Mas, para além do estelionato eleitoral de Bolsonaro e sua equipe, é importante refletirmos sobre essa tal da meritocracia.

Hoje, com a responsabilidade de governar o País e responder à altíssima expectativa por melhorias para a população, Bolsonaro tem visto que meritocracia nos olhos dos outros é refresco. Aquele que bradava aos quatro ventos contra indicações “políticas” e “ideológicas”, hoje usa como principal critério de indicação o alinhamento político-ideológico de seu staff.

É natural que Jair Bolsonaro e Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, busquem quadros de confiança política para cargos estratégicos em suas gestões. Mas, quando desconsideram a necessidade mínima de qualificação ou passam por cima de procedimentos internos, demonstram total desrespeito ao bem público e à população brasileira.

No final das contas, se a "nova era" tinha como princípio a tão falada meritocracia, essa lógica já foi completamente desmascarada para garantir a promoção de um amigo de Jair Bolsonaro. Cabe denunciarmos que essa ladainha de “meritocracia” não faz sentido.

Felipe Pinheiro é diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG).

Edição: Elis Almeida