Desabafo

Dilma critica postura do Judiciário sobre o velório de Vavá: "Eles têm medo do Lula"

Ex-presidenta interpreta que "Lula é vítima da mais vergonhosa arbitrariedade, que nem mesmo a ditadura militar cometeu"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Dilma Rousseff, presidenta do Brasil entre 2010 e 2016, durante visita à Vigília Lula Livre, em Curitiba (PR)
Dilma Rousseff, presidenta do Brasil entre 2010 e 2016, durante visita à Vigília Lula Livre, em Curitiba (PR) - Arquivo/Ricardo Stuckert

A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) criticou a postura do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, que resultou na violação do direito de Lula de comparecer ao velório de seu irmão Vavá, em São Bernardo do Campo (SP).

Genival Inácio da Silva, de 79 anos, conhecido como Vavá, morreu nesta terça (29) em São Paulo (SP), em decorrência de um câncer no pulmão e será sepultado na tarde desta quarta-feira (30).

Em sua página oficial, Dilma afirma que "o desrespeito a um direito humanitário tão evidente diminui o Brasil perante o mundo, torna o nosso país menos civilizado e menos compassivo com o sofrimento humano".

Confira na íntegra o texto publicado pela ex-presidenta, intitulado "Eles têm medo do Lula":

"Ao impedir Lula de ir ao enterro do irmão, direito assegurado a todo e qualquer detento, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal demonstram de maneira definitiva que o maior líder popular do Brasil é um preso político, submetido ao mais absoluto isolamento.

Essas instituições promoveram, deliberadamente, um vergonhoso jogo protelatório para, no final, recusar ao ex-presidente Lula um direito humanitário expressamente estabelecido no artigo 120 da Lei de Execução Penal.

O ex-presidente Lula é vítima da mais vergonhosa arbitrariedade, que nem mesmo a ditadura militar cometeu contra ele. Em 1981, quando estava detido, foi autorizado a ir ao enterro de sua mãe, Dona Lindu, em pleno regime ditatorial.

Para as forças que ascenderam ao poder pelo golpe de 2016, não bastou condená-lo injustamente para impedir que fosse eleito presidente. A simples existência de Lula tumultua e impacta seus desígnios. Querem-no invisível, despido de qualquer cidadania, como se não existisse. Não querem sequer que Lula seja visto pelo povo.

O desrespeito a um direito humanitário tão evidente diminui o Brasil perante o mundo, torna o nosso país menos civilizado e menos compassivo com o sofrimento humano. Vivemos tempos de injustiça, violência e desprezo pela vida.

Mas nós sabemos, e Lula sabe, que luto é sofrimento, mas também é verbo. Por isso, continuaremos lutando por sua liberdade e pela libertação do Brasil daqueles que chegaram ao poder para destruir a soberania nacional e os direitos do povo.

Minha solidariedade fraterna a Lula e à sua família neste momento em que passam por mais uma perda. Que as boas lembranças de Vavá os confortem nesta difícil jornada contra a dor e a injustiça. A covardia dos poderosos foi, ao longo da história, sinal de fraqueza. Agora também. É medo de Lula e do povo".

Edição: Brasil de Fato