EXPLORAÇÃO

Passagem de ônibus em Campina Grande (PB) passou a custar R$ 3,70

Promessa do prefeito de criar integração temporal no intuito de barrar reajuste não foi cumprida

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Tarifa de CG será a mais cara do interior nordestino
Tarifa de CG será a mais cara do interior nordestino - Reprodução

O Sindicato das Empresas de Transporte Público de Passageiros por Ônibus de Campina Grande, Sitrans, protocolou na última segunda-feira (21) um novo pedido de reajuste na tarifa, de R$ 3,30 para R$ 3,80. O aumento foi justificado por causa da exigência da função do cobrador de ônibus, isto porque o sistema de transporte público de Campina Grande atribuía dupla função aos motoristas, mas com esta decisão da justiça, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou, no dia 5 de dezembro de 2018, que motoristas de ônibus não devem exercer função de cobrador ou quaisquer atividade que interfiram no ato de dirigir. O TRT responsabilizou os consórcios das frotas de ônibus, a Superintendência de Trânsito e Transporte Público (STTP) e o município de Campina Grande, a pagarem indenização de 1 milhão de reais e multa de 5 mil reais.

No entanto, no último dia 8 de janeiro, o gestor municipal Romero Rodrigues, aprovou o sistema da Integração Temporal com a justificativa de melhorar o transporte público e impedir o aumento no valor da tarifa de passagem, solicitada em dezembro de 2018 pelo Sitrans. O projeto foi aprovado por unanimidade e entrou em vigor neste dia 12 de janeiro, ficando em fase de transição até o dia 31 de janeiro.
“Eu fiz contato com as empresas, com o próprio Sitrans e me disseram que aos poucos as pessoas estão aprendendo a usar. O que há, de fato, em relação à integração é uma ideia fantástica, ajuda de fato a população, encurta a distância, o tempo de resposta do destino inicial até o final é muito mais rápido e a passagem se mantém no mesmo valor”, disse Romero em entrevista à rádio Caturité FM, no último dia 17.
Mesmo com a criação da integração temporal, nesta última sexta-feira (25), o aumento da tarifa em Campina Grande foi consolidado, passando a ser R$ 3,60 para quem utiliza o cartão de passagem e R$ 3,70 para usuários que pagarem em dinheiro.
Os usuários de transporte coletivo que já tinham críticas ao sistema de integração temporal criado agora reclamam de ter que conviver com a maior tarifa de ônibus das cidades do interior nordestino.

Aumento de passagem

O acréscimo de 40 centavos na tarifa dos ônibus de Campina Grande, que agora passou a custar R$ 3,70, é visto como absurdo pelos usuários do transporte público comparado a tarifa de João Pessoa que custa R$ 3,80 e de Recife R$ 3,70 (anel A).
Tainara Santos, que mora no Bairro um pouco mais distante chamado José Pinheiro, desabafou sobre o reajuste do transporte: “O que foi proposto é que não tivesse cobrador e pudesse integrar em qualquer ponto no determinado tempo de uma hora e assim o preço da passagem continuasse o mesmo, com o aumento da passagem o que as autoridades propuseram não está sendo cumprido, se já fizeram todas essas mudanças para justamente não aumentar o preço da passagem.”
Já o estudante Adevancris Dantas, morador do bairro Liberdade, disse que aumento da passagem é incompatível com Campina Grande. “Não é uma cidade tão grande para cobrar este valor, além disso sou estudante, não recebo auxílio e não tenho emprego. Fica inviável ir pra Universidade mesmo que seja meia passagem”, disse o jovem.

Ineficiência da Integração Temporal e fim do terminal de integração

Terminal de integração de Campina Grande é utilizado por milhares de usuários./ Foto: Divulgação.

O Sistema de Integração Temporal já está em funcionamento. O tempo para integrar de uma hora é insuficiente para bairros distantes e distritos do município de Campina Grande.
“O tempo disponibilizado para integrar no segundo ônibus é insuficiente, existem bairros que só tem uma ou duas linhas de ônibus e o tempo de espera pode chegar a mais de uma hora, principalmente se o ônibus atrasar ou estiver em horário de pico para trabalhadores e estudantes. Outro problema é a questão do acesso a porta do meio, eu vi uma criança passando por baixo da catraca porque o motorista não liberou a porta para que ela pudesse entrar”, reclamou Adevancris Dantas.
Ao conversar com Tainara Santos, ela nos contou dos problemas no percurso do ônibus até chegar à integração. “O deslocamento da minha casa até a universidade dura mais de uma hora. O único ponto positivo da integração temporal é poder integrar em qualquer lugar. Porém quem mora longe não consegue sair de um ônibus e logo pegar outro durante o tempo de uma hora, pois os ônibus ainda demoram.”
Uma outra questão é de que o Terminal de Integração vai mudar o seu funcionamento. Agora ele passará a ser aberto e será necessário passar o cartão de passagem para validar a gratuidade, ou pagar uma nova tarifa caso tenha passado o período de uma hora, o que significa, na prática, o fim do terminal de integração da cidade.

Edição: Heloisa de Sousa e Cida Alves