O plenário da Câmara dos Deputados reelegeu, na noite desta sexta-feira (1º), por votação secreta e em primeiro turno, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Presidência da Casa. Com apoio da maioria das legendas, incluindo o partido de Jair Bolsonaro, o PSL, ele obteve 334 votos.
Por ter somado mais de 257 votos, número correspondente à maioria absoluta da Casa, o democrata garantiu a vitória no primeiro turno, conforme vinha sendo projetado nos bastidores.
Na sequência, ficaram os candidatos Fábio Ramalho (MDB-MG), com 66 votos; Marcelo Freixo (Psol-RJ), com 50; JHC (PSB-AL), com 30; Marcel Van Hattem (Novo-RS), com 23; Ricardo Barros (PP-RR); e General Peterneli (PSL-SP).
Apesar do terceiro lugar no ranking final, Freixo obteve cinco vezes o número de votos da bancada do Psol, que conta com dez deputados. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele considerou que o placar resulta do fortalecimento do diálogo que a legenda vem traçando dentro da Casa no sentido de oxigenar a oposição contra crescimento da extrema direita e, agora, contra o novo mandato de Maia.
“Isso daqui não encerra nada. É um início, porque abre uma porta importante de trabalho para que a gente tenha muito diálogo com os movimentos sociais, que a gente entenda o papel que a luta pela democracia e contra a desigualdade vai ter dentro desse Congresso. Acho que é um grande passo dado pro futuro próximo”, completou.
O psolista também comentou os discursos de campanha e posse de Maia. Ele fez críticas à postura do candidato, que defende o enfrentamento das crises econômica e fiscal por meio de reformas neoliberais, como a da Previdência, e tem como aliados deputados ultraconservadores, como os parlamentares do grupo de Bolsonaro.
“É um discurso de campanha, que se alia ao que há de mais retrógrado para dizer que é novo. Nós vamos cobrar do Rodrigo que ele tenha uma gestão com direcionamento republicano e que as vozes de oposição a tudo isso não sejam sufocadas”, afirmou Freixo.
O partido de Maia compõe a tropa de choque que apoia Bolsonaro. O bloco tem, ao todo, 301 deputados. Além do DEM, o grupo, que deverá fazer coro às pautas de caráter neoliberal do governo, reúne outras dez siglas – PSL, PP, PSD, PRB, PR, PTB, PSC, MDB, PSDB e PMN.
As oito primeiras pertenciam ao chamado “Centrão”. O bloco, criado informalmente em 2016, orbitava em torno do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (MDB-RJ), que foi cassado por ter mentido à CPI da Petrobras ao negar que mantinha contas no exterior.
Rodrigo Maia
Rodrigo Maia foi eleito presidente da Casa pela primeira vez em julho de 2016 para um mandato-tampão, após a cassação de Cunha. Depois, venceu novamente em 2017 e, agora, inicia o terceiro mandato, que terá duração de dois anos.
Com origem na burguesia urbana do Rio de Janeiro, Maia é filho do ex-prefeito carioca César Maia. Entre outras coisas, é aliado da bancada ruralista. Nos últimos anos, defendeu e ajudou a articular pautas impopulares do governo de Michel Temer (MDB), na Câmara.
Entre elas, estiveram a abertura do pré-sal para as multinacionais; o Teto dos Gastos, que impôs um congelamento dos investimentos nas áreas de saúde, educação e assistência social; as reformas trabalhista e da Previdência.
Em suas duas primeiras gestões, o democrata também recebeu críticas dos segmentos populares por ter restringido a entrada e a circulação da população nas dependências da Câmara, tanto para acompanhar votações quanto para debates e audiências públicas.
Também foi criticado por colocar matérias em votação em sessões que se estenderam pela noite ou madrugada, o que dificulta um maior acompanhamento da sociedade.
Edição: Tayguara Ribeiro