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Em plena campanha para reduzir custos de bancos, Itaú tem lucro de R$ 25,7 bilhões

Além de ter dívidas perdoadas por Temer, o banco conseguiu bloquear em 2018 pagamento de R$ 26,6 bi aos cofres públicos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Bancários do Itaú em Alagoas protestam contra implantação da reforma trabalhista, no dia 1º de fevereiro de 2019
Bancários do Itaú em Alagoas protestam contra implantação da reforma trabalhista, no dia 1º de fevereiro de 2019 - Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf)

O Itaú Unibanco teve lucro líquido de R$ 25,7 bilhões em 2018, o que representa um crescimento de 3,43% em relação a 2017. A carteira de crédito do Itaú no Brasil, ou seja, os empréstimos realizados no ano, somou R$ 473,8 bilhões, representando um crescimento de 4,2%.

Outros dois dos principais bancos que atuam no Brasil apresentaram lucros ainda maiores. O Bradesco teve um aumento de 13% nos lucros na comparação 2018/2017, e o Santander, 24,6%. O Banco do Brasil divulga seus resultados na semana que vem.

Apesar do crescimento no lucro dos grandes bancos no Brasil, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) iniciou uma campanha no final de 2018 com propostas para reduzir os juros, que segundo a economista Laura Carvalho, incluem a redução de custos  administrativos, operacionais e tributários dos bancos. Com base em estudos feitos sobre medidas similares, Carvalho argumenta que não há garantias de que as propostas tenham por único efeito o aumento da lucratividade dos bancos. 

Outro questionamento que os grandes bancos receberam em 2018 foi o perdão de enormes dívidas com o Estado brasileiro. Segundo o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, o governo de Michel Temer (MDB) através do Refis, perdão concedido pelo governo federal no parcelamento de débitos tributários, absolveu mais da metade das dívidas dos bancos Itaú, Santander, Safra e Rural.  

Os quatro bancos negociaram uma dívida total de R$ 657,3 milhões, que conseguiram reduzir para R$ 302 milhões. Além disso, segundo o sindicato, somente em 2017, Itaú, Bradesco e Santander eliminaram cerca de 18 mil postos de trabalho.

À época, a presidenta do sindicato, Ivone Silva, questionou a medida de Temer: “Enquanto congela investimentos públicos por 20 anos, inclusive em saúde e educação, rasga a CLT com a reforma trabalhista, que teve a colaboração dos bancos, e tenta impor o fim da aposentadoria pública, o governo Temer abre mão de receitas milionárias com o perdão de dívidas do setor financeiro. Isso joga por terra o discurso de austeridade fiscal e escancara a quem serve hoje o governo federal”.

O Itaú Unibanco obteve da Justiça, ainda em 2018, uma liminar para impedir que a Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) julgasse recurso da Fazenda Nacional referente à fusão entre o Itaú e o Unibanco em 2008. A decisão permite que o Itaú deixe de pagar R$ 26,6 bilhões aos cofres públicos.

Edição: Mauro Ramos