Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA

No Rio, Polícia Civil investiga "operação" que deixou 14 mortos

Delegacia de Homicídios informou que as armas dos policiais envolvidos foram recolhidas e encaminhadas para a perícia

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Na operação que teve 14 mortos, foram apreendidos 21 artefatos, segundo a Polícia Militar
Na operação que teve 14 mortos, foram apreendidos 21 artefatos, segundo a Polícia Militar - Agência Brasil/Arquivo

Uma ação da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ), que resultou na morte de 14 pessoas, está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios (DH) da Capital. As tropas de elite da PM, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque (BPChq) começaram a operação na comunidade Fallet-Fogueteiro, no Rio Comprido, e no Morro dos Prazeres, em Santa Tereza, na madrugada desta sexta-feira (8). Após denúncia de familiares, a delegacia da Polícia Civil informou que as armas dos policiais envolvidos na ação foram recolhidas e encaminhadas para a perícia.

Segundo a PM, a ação foi realizada para combater facções rivais que disputam o comando do tráfico de drogas na região. Entretanto, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 13 pessoas que estiveram envolvidas na ação já chegaram mortas ao hospital, e que ainda uma 14ª pessoa morreu em seguida. Outras duas ainda estão sendo socorridas na unidade de saúde.

Os policias teriam recebido a denúncia do Setor de Inteligência e realizado a abordagem a uma casa no Fallet. Conforme versão da PM, na troca de tiros 10 criminosos feridos teriam sido encontrados em vias da comunidade e foram socorridos para o Hospital Municipal Souza Aguiar.

Os moradores contestam a versão policial. As mortes teriam acontecido depois da rendição de dez pessoas em uma casa, ou seja, elas teriam sido executadas pelos policiais. "Ninguém merece ser morto. Se nossos filhos foram executados, os policiais têm que pagar. A polícia tem que prender, e não matar quem está rendido", afirmou a mãe de um dos mortos, sem ser identificada, em entrevista ao jornal O Globo.

Questionada, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que a corporação ainda não recebeu os relatos formalmente em sua corregedoria. "Para que as medidas cabíveis sejam tomadas pela Corporação, o cidadão deve denunciar as situações que envolvam policiais militares pelos canais da Corregedoria", informou a nota encaminhada ao Brasil de Fato.

Na operação foram apreendidos três fuzis, 12 pistolas, seis granadas e carregadores para armas automáticas, além de uma motocicleta.

CONTEXTO

Desde o início do governo de Wilson Witzel (PSC) essa é a primeira vez em que uma operação policial resulta em um número tão alto de mortos. Durante a campanha e desde a sua posse, o governador tem defendido a "política do abate" de pessoas que estiverem portando armas pesadas. Para a pesquisadora e coordenadora do Observatório da Intervenção no Rio de Janeiro, Silvia Ramos, as declarações de Witzel são inconstitucionais e demagógicas

Nas redes sociais, a deputada estadual Dani Monteiro (Psol-RJ) criticou a ação ocorrida nesta sexta. "A operação policial matou 13 "suspeitos" e deixou os moradores em pânico. A guerra às drogas mata sem julgamento, na ilegalidade, aterroriza e ameaça famílias. Não podemos achar isso normal!", escreveu. 

Edição: Vivian Virissimo