CORRUPÇÃO

Bolsonaro oficializa demissão de Bebianno; entenda o escândalo no governo federal

Exoneração do ministro foi comunicada pelo porta-voz da presidência da República, general Otávio Rêgo Barros 

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Depois de quase uma semana de crise, Gustavo Bebianno é exonerado
Depois de quase uma semana de crise, Gustavo Bebianno é exonerado - Mauro Pimentel / AFP

O porta-voz do Palácio do Planalto, general Otávio Rêgo Barros, comunicou, nesta segunda-feira (18), a exoneração de Gustavo Bebianno do cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. 
Questionado sobre o motivo da demissão, o porta-voz alegou "foro íntimo" do presidente. Bebianno foi um dos principais articuladores da campanha de Jair Bolsonaro. 
A saída ocorreu após cinco dias de desgaste público. O agora ex-ministro foi chamado de mentiroso pelo vereador Carlos Bolsonaro, na última quarta-feira. 
O filho do presidente disse que Bebianno mentiu ao falar que havia conversado com Bolsonaro no dia anterior. A declaração foi dada com o intuito de negar uma possível crise governo após denúncias de distribuição de dinheiro público para “candidaturas laranjas” do PSL. 
Entenda o escândalo 
Denúncias de candidaturas laranjas do partido de Jair Bolsonaro, o PSL, feitas pelo jornal Folha de São Paulo, neste mês de fevereiro, revelaram indícios de desvios de verbas públicas em dois estados durante o período eleitoral de 2018. O escândalo coloca em xeque o discurso de ética e combate à corrupção bradado pelo presidente e seus correligionários durante o pleito. 
Primeiro Ato 
As primeiras denúncias ocorreram em Minas Gerais e envolvem Marcelo Álvaro Antônio, atual ministro do Turismo. Na época, ele era presidente do PSL no estado e tinha o poder de decisão sobre quais candidaturas seriam lançadas. 
De acordo com as denúncias do jornal paulistano, Álvaro Antônio está envolvido em um esquema que implica quatro candidaturas laranjas em Minas Gerais. 
As candidatas receberam R$ 279 mil da verba pública que deveria ser utilizada na campanha da legenda. Cerca de R$ 85 mil foram destinados a quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje Ministro do Turismo. 
Ainda segundo o jornal, não há indícios da realização de campanha efetiva das candidatas durante a eleição, que, juntas, alcançaram cerca de dois mil votos, apesar de estarem entre as 20 candidatas que mais receberam dinheiro do partido no país inteiro. 
Em depoimento prestado ao Ministério Público, em 18 de dezembro, a candidata a deputada estadual pelo PSL em Minas Gerais, Cleuzenir Barbosa, disse que foi coagida por dois assessores de Marcelo Álvaro Antônio a devolver R$ 50 mil dos R$ 60 mil que havia recebido da legenda. 
Frente à denúncia, Álvaro Antônio disse que as as acusações foram feitas “com base em premissas falsas de que houve simulação de campanha com laranjas no partido”. 
Segundo Ato 
Uma segunda denúncia foi feita pela Folha, no dia 10 de fevereiro. Luciano Bivar, recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, teria criado uma candidata laranja em Pernambuco. De acordo com o jornal, o partido de Bolsonaro repassou R$ 400 mil do fundo partidário no dia 3 de outubro, a apenas quatro dias antes da eleição. 
Maria de Lourdes Paixão foi a terceira candidata que mais recebeu dinheiro do partido no país e se candidatou de última hora para preencher a vaga remanescente de cota feminina. 
De acordo com a candidata, 95% do dinheiro foi gasto em uma única gráfica, destinado à impressão de 9 milhões de santinhos e 1,7 milhão de adesivos. Cada um dos 4 panfleteiros, que ela diz ter contratado, deveria ter distribuído cerca de 750 mil santinhos por dia. 
O também presidente do PSL, Luciano Bivar, nega que a candidata tenha sido laranja. Ele argumenta que a decisão de repassar R$ 400 mil foi da direção nacional do partido, na época presidida por Gustavo Bebianno, hoje secretário-geral da Presidência da República. Seguindo no jogo de “empurra”, Bebianno, por sua vez, alegou que as decisões dos repasses são das direções estaduais. 
À época, Bebianno era o presidente nacional do PSL e coordenou a campanha de Jair Bolsonaro. Ele era responsável formal por autorizar repasses dos fundos partidários e eleitoral a candidatos da legenda. 
Segundo apuração da Folha, ele liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada. Bebianno nega ter envolvimento com candidaturas laranjas do PSL.

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Edição: Nina Fideles