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Envelhecimento

Coluna de Ciências | Vivemos mais. Mas, vivemos bem?

Nossa medicina hoje está muito mais preocupada em tratar os sintomas do que em evitar as doenças

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Vida estressante e trabalho intenso prejudicam saúde
Vida estressante e trabalho intenso prejudicam saúde - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Até o século XIX as pessoas morriam principalmente devido às doenças infecciosas. Tal cenário mudou quando basicamente passamos a lavar as mãos, a higienizar os alimentos e a água que ingerimos, a nos vacinar e a usar antibióticos. Desde então, outro tipo de mal passou a ocupar o posto de inimigo número 1 da humanidade.

Problemas cardíacos e pulmonares, AVCs, diabetes e câncer são exemplos das chamadas doenças crônicas, principais causas de mortes humanas atualmente. Esse tipo de doença não é causado por outros seres, e sim por fatores relativos à história de vida do indivíduo. Sedentarismo, tabagismo, obesidade e predisposição genética são exemplos de coisas que podem levar você a ter uma doença crônica.

A boa notícia é que já sabemos em grande medida como evitá-las, e isso não custa caro! Ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos e não fumar já ajuda muito.

Acontece que nossa medicina hoje está muito mais preocupada em tratar os sintomas do que em evitar as doenças. Para a indústria farmacêutica é muito mais interessante vender medicamentos cardíacos para alguém durante 20 ou 30 anos do que evitar que essa pessoa se torne um cardiopata. Somos ótimos em manter um doente vivo.

Apesar da humanidade hoje viver mais, parece que aproveitamos o tempo extra de uma forma um tanto quanto errada. Nos entupimos de remédios para tratar nossas dores, que são fruto de péssimos hábitos decorrentes de uma vida estressante e de trabalho intenso. Assim, não há corpo que aguente!

E nem mente que aguente. O diagnóstico de transtornos psiquiátricas como a depressão e o uso de drogas para tratá-los só aumentam ano após ano.

Por isso, nosso maior desafio hoje em termos de saúde pública é fortalecer uma medicina que eduque para a prevenção.

Somos hoje 7,6 bilhões de pessoas. A biologia nos ensina que geralmente o crescimento populacional de uma espécie acompanha uma curva em forma de S. Há uma primeira fase longa de baixo crescimento, seguido de um boom exponencial que dura até que a população atinja um tamanho limite, quando, então, tende a se estabilizar.

Ao que tudo indica, estamos agora na segunda metade da fase de boom. As estimativas mais correntes indicam que, se nada muito anormal ocorrer, a população humana se estabilizará em torno dos 12 bilhões de habitantes, em algum momento do século XXII. Nossa expectativa de vida aí será de algo em torno dos 90 anos de idade.

Será que até lá conseguiremos aproveitar melhor esse tempo?

Um abraço e até a próxima!

Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.

 

Edição: Elis Almeida