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Início Bem viver Cultura

Entrevista

Julia Katharine, primeira cineasta trans brasileira a entrar no circuito comercial

"É momento de buscar novas formas de fazer cinema", afirma diretora de "Tea for Two", que estreou nesta quinta (21)

01.fev.2020 às 18h26
São Paulo (SP)
Luciana Console
Julia é diretora, roteirista e também atua no curta metragem "Tea for Two"

Julia é diretora, roteirista e também atua no curta metragem "Tea for Two"

Pela primeira vez uma mulher trans lança um filme no circuito comercial de cinema no Brasil. Para a diretora de “Tea for Two”, Julia Katharine, abre-se uma porta para que cada vez mais a presença das pessoas trans sejam encaradas com naturalidade em espaços profissionais. A estreia aconteceu nesta quinta-feira (21). “Eu queria muito que o filme causasse orgulho nas pessoas trans e que ele fosse realmente um incentivo para que outras pessoas trans e não binárias corressem atrás dos seus sonhos”, disse a cineasta ao Brasil de Fato. 

“Tea for Two” conta a história de Silvia, uma cineasta que passa por um momento de crise e é surpreendida pela ex-esposa, Isabel. O reaparecimento do antigo amor entra em conflito com a recente presença de Isabela na vida de Silvia. A relação entre as três mulheres é representada no curta de 25 minutos, roteirizado e dirigido por Julia Katharine, que também atua no papel da personagem trans, Isabela. As exibições ocorrem em conjunto com o longa metragem dirigido por Gustavo Vinagre, “Lembro Mais dos Corvos”, também protagonizado por Julia. Em São Paulo, o curta está em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS), na Avenida Paulista, 2424. 

A atriz, produtora e diretora, de 41 anos, conta que o interesse pelo cinema surgiu ainda na infância e que o descrédito das pessoas a sua volta pela sua condição de mulher trans sempre estiveram presentes quando o assunto era a profissão de cineasta.

Confira na íntegra a entrevista que a atriz, roteirista e diretora Julia Katharine concedeu ao Brasil de Fato. Ela fala sobre o filme, o atual momento político e as perspectivas em relação a sua carreira e à cultura no Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro.

Brasil de Fato: Como que foi seu envolvimento com o cinema?

Julia Katharine: Eu sempre fui cinéfila, desde muito nova, sempre gostei muito de cinema, mas o meu primeiro envolvimento com cinema aconteceu no começo dos anos 2000 quando eu fui convidada para fazer figuração em um filme do Beto Brant, "O Crime Delicado", e aí me apaixonei. Fui contaminada pelo cinema. Tive essa experiência isolada e aí alguns anos depois encontrei o Gustavo Vinagre, que é um amigo de muitos anos. A gente se reencontrou, tínhamos perdido contato. Quando nós nos conhecemos falávamos muito sobre cinema e ele muito sobre o sonho de ser cineasta, de fazer cinema. Ele foi para Cuba estudar cinema e eu fui pro Japão resolver questões familiares. E aí quando a gente se reencontrou a gente começou uma parceria, começamos a fazer alguns curtas metragens e aí de repente desencadeou no longa "Lembro Mais dos Corvos".

Gustavo me incentivava muito a escrever um roteiro e ele me incentivou a entrar em um edital do SPCine voltado para a diversidade. Aí eu escrevi um curto metragem e fui contemplada pelo edital, onde eu dirigi, atuei e escrevi o curta, o "Tea for Two". Pra mim foi uma alegria porque quando soube que ele seria exibido em circuito nacional eu não poderia ter tido uma notícia melhor, porque é muito raro você ver curta-metragens em circuito nacional.

Aproveitando o seu comentário, como é que é pra você então ser a primeira mulher trans a dirigir um filme que está no circuito, nacional, comercial. Como você enxerga essa representatividade, como é pra você isso?

Pra mim é muito importante…eu vejo que estamos abrindo uma porta. Quando eu fui contemplada pelo edital nós ainda não estávamos sob esse governo tão violento e havia uma esperança de que eu pudesse ser a primeira de muitas mulheres trans a ocupar esse espaço no cinema. Mas infelizmente, com o Bolsonaro e com tudo isso que está acontecendo agora, eu temo pelo pior. Eu imagino que possa haver um hiato agora, de 4 anos, até que outra pessoa trans consiga ter um filme em circuito nacional. Espero que não, mas fico com esse medo. E é uma responsabilidade muito grande de dar visibilidade a essa população que é tão invisibilizada, tão violentada e agora muito mais porque o governo legitima esse tipo de violência.

Eu sempre amei cinema, tinha um sonho de fazer cinema. E quando eu falo em fazer cinema eu penso em todas essas áreas que eu faço hoje, que é dirigir, atuar e roteirizar. Por ser uma mulher trans, as pessoas sempre me desencorajaram, diziam que não tinha espaço pra pessoas trans neste universo, que isso não aconteceria. E eu acho que eu vibrei tanto para que isso acontecesse que acabou acontecendo. O cinema entrou na minha vida através do Gustavo Vinagre, do Beto Brant, de alguns outros encontros então eu nunca fiz uma faculdade de cinema, nenhum curso técnico pra isso, nem de roteiro e atuação. É algo que brotou em mim muito cedo e que foi se desenvolvendo e tomando corpo e eu faço tudo intuitivamente.  

Óbvio que se você tem uma oportunidade de fazer um curso de cinema, atuação e roteiro é muito bom, agrega muito. Mas a gente não pode ficar preso a isso, se você acredita no seu talento, no que você pode oferecer, no que você tem a dizer, eu acho importante correr atrás. 

Durante o processo de criação e de produção do filme, você sentiu também essa questão com mais peso? Por ser o seu primeiro trabalho? Por estar abrindo portas? Como foi pra você isso?

Sim, isso foi uma preocupação que eu tive o tempo todo, de fazer um filme que tivesse uma qualidade técnica, uma qualidade cinematográfica. É meio que o cartão de visita para a população trans. Eu queria muito que o filme causasse orgulho nas pessoas trans e que ele fosse realmente um dispositivo, um gatilho para que outras pessoas trans e não-binárias se interessassem por cinema e corressem atrás dos seus sonhos como eu corri.

A escolha de ser um casal, duas mulheres e, no caso, ter uma terceira mulher, que é trans, foi proposital também, pela questão da representatividade? 

No começo era um roteiro com um casal hétero cis, então era um homem, uma mulher e eu. E ao longo do processo isso se transformou em um filme só sobre mulheres, sobre afetividade feminina, porque a gente entendeu que, quando eu falo "a gente" é "eu e as atrizes". [Entendemos] que seria um caminho interessante e bonito. Porque também existe essa questão: poucas mulheres são protagonistas no Brasil, principalmente a mulher lésbica, ela é muito inviabilizada também, muito esquecida no audiovisual, no cinema, como protagonista. Então, quando eu não pude ter os atores que eu tinha inicialmente pensado e eu precisei fazer essa mudança, foi uma mudança que eu fiz pensando nisso. E aí propus para as atrizes, pra Gilda Nomacce e pra Amanda Lira e elas toparam, acharam incrível. Fiquei muito orgulhosa porque são duas atrizes muito incríveis e com uma carreira brilhante no teatro, então pra mim foi um orgulho poder tê-las no meu primeiro filme.

Você tem intenção de produzir outros, tem algo em mente?

Agora estou finalizando um roteiro de um longa metragem, que chama "Família Valente", que fala um pouco sobre o Brasil, neste momento, através de uma família de atrizes. Protagonismo feminino, a Gilda Nomacce é a protagonista e também produtora.

Eu acho que é preciso pensar em resistência, em resistir a esse retrocesso, em resistir a esse desmanche da cultura no nosso país. Nós mulheres trans chegamos em um ponto muito interessante, a gente começou uma abertura para nos inserirmos em um mercado de trabalho, naturalizando nossos corpos nesta sociedade heteronormativa.

Não é o momento de arredar o pé e de ter medo e de paralisar, acho que é o momento de resistir, de seguir em frente e de buscar novas formas de fazer cinema. Criarmos redes de apoio, de acolhimento, para que a gente possa ajudar umas às outras a suportar esse período de 4 anos que começou agora, mas já fez tanta coisa ruim.

Editado por: Mauro Ramos
Tags: cinemaradioagência
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